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Merkel criticada. Ala conservadora da CDU lamenta perda da pasta das Finanças para o SPD

As grandes concessões feitas pela chanceler Angela Merkel ao SPD de Martin Schulz desencadearam reticências da parte dos mais conservadores da CDU, que não gostaram de ver as Finanças nas mãos dos social-democratas.
  • Axel Schmidt/Reuters
8 Fevereiro 2018, 19h36

A necessidade que a chanceler Angela Merkel considerava imperiosa de chegar a um acordo com os social-democratas do SPD para a reedição da grande coligação que governará a Alemanha nos próximos quatro anos tem, segundo alguma imprensa, provocado reticências junto de grupos mais conservadores dentro do seu próprio partido.

Citado pelo jornal espanhol “El Economista” Olav Gutting, advogado da CDU (o partido de Merkel) afirmou que “pelo menos ainda temos a Chancelaria”, ao tomar conhecimento de que o SPD vai assumir os importantes ministérios das Finanças, Negócios Estrangeiros, Justiça, Família e Trabalho e Assuntos Sociais.

Para a CDU ficam ministérios não menos importantes como o da Defesa, Economia e Energia, Saúde, Educação e Agricultura, restando o Ministério do Interior para o normalmente chamado partido-irmão da CDU, a a União Social-Cristã (CSU), da Baviera.

A ala conservadora critica principalmente a concessão do todo poderoso Ministério das Finanças ao SPD, que nas últimas duas legislaturas estava nas mãos da CDU e onde pontificava Wolfgang Schäuble, o nome mais sonante das reuniões do grupo da zona euro, mas também o mais criticado – pela sua postura favorável a tudo o que eram políticas de austeridade.

“O facto de o Ministério das Finanças estar nas mãos do SPD sugere o fim da sólida política orçamental”, disse Werner Bahlsen, presidente do conselho económico da CDU, igualmente citado pelo referido jornal.

A agitação provocada pode causar algumas complicações a Angela Merkel por ocasião do congresso do partido, a realizar a 26 de fevereiro, onde os mil delegados da CDU são convocados para votar o acordo alcançado com o SPD.

“O ‘design’ dos gabinetes, como já foi feito, é um erro político”, disse Christian von Stetten, outro advogado da CDU. “O facto de ter dispensado o Ministério das Finanças não será algo que agrade à maioria dos membros da CDU”, acrescentou.

Por outro lado, o líder da CSU, Horst Seehofer, descreveu o contrato da coligação como bom, o que é uma boa notícia para a chanceler. Futuro ministro do Interior, Seehofer disse que o SPD “insistiu muito nos três ministérios que finalmente obteve ou, se não, não poderia juntar-se ao governo”. Aquele responsável também reconheceu que as negociações estavam prestes a falhar, antes das cedências terem sido acordadas.

A liderança da CSU aprovou esta quinta-feira o acordo, composto por mais de 170 páginas, e que agora deverá ser ratificado pelos militantes do SPD – cujo voto será anunciado até 4 de março.

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