A Bolsa de Lisboa teve um primeiro trimestre pouco entusiasmante e consideravelmente menos otimista que no período homólogo. Ainda assim, o PSI 20 teve uma performance melhor que a generalidade das bolsas mundiais, num período que ficou marcado pelo mini-crash em Wall Street e pela guerra comercial lançada Donald Trump.
“O PSI 20 fecha o trimestre como um dos índices com melhor desempenho a nível mundial, sendo que, na Europa, foi superado apenas pelo índice italiano e pelo índice russo”, explicou Steven Santos, gestor do BiG – Banco de Investimento Global.
A contribuir para o bom desempenho relativo e absoluto do índice estiveram as condições económicas favoráveis e ainda a melhoria do rating da República nos últimos meses do ano passado. “De forma notável, o PSI 20 ultrapassou diversos índices de referência, como o DAX 30, o Eurostoxx 50 e o S&P 500”, refere.
A valorização do PSI 20 foi de apenas 0,35%, mas contrasta com as desvalorizações de 1,67% do índice norte-americano S&P 500, de 6,35% do alemão DAX, de 4,43% do espanhol IBEX 35, de 2,73% do francês CAC 40, de 7,05% do japonês Nikkei 225 ou de 8,21% do britânico FTSE 100.
João Queiroz, diretor da banca online do Banco Carregosa concorda que “em termos globais, o comportamento do PSI 20 nem foi dos piores”, mas sublinha que “o primeiro trimestre deste ano foi muito diferente do igual trimestre do ano passado”. Em 2017, o principal índice do mercado nacional arrancou o ano com um ganho de 7%.
“Os eventos que tiveram maior impacto nos mercados foram o aumento das tarifas às importações pelos EUA, as tensões da Coreia do Norte, a correção das tecnológicas e a primeira subida de taxas de juro pela Reserva Federal norte-americana. O acordo entre a União Europeia e o Reino Unido para um soft Brexit e a subidas das cotações das mercadorias também deixaram a sua marca”, explicou.
Energia impulsiona e CTT desiludem
A energia é o setor destacado pelos analistas como o que mais beneficiou este trimestre, com especial destaque para a Galp. O gestor do BiG sublinha que a petrolífera, que é atualmente a cotada com mais peso no índice nacional, foi suportada pela subida do preço do petróleo, ainda que tenha terminado o trimestre em terreno ligeiramente negativo (-1,14%).
“A recuperação do setor da energia [com a EDP a subir 3,81%, a EDP Renováveis 13,46% e REN 7,09%] foi a maior revelação do trimestre e não foi apenas em Portugal, o setor recuperou em toda a Europa”, afirmou Queiroz, acrescentando que pertence a EDP foi também o título que mais mudou de mãos, enquanto a REN foi a cotada com maior estabilidade.
Entre os pesos-pesados do índice, destacou-se ainda a valorização de 3,85% da Altri. O BCP arrancou janeiro com ganhos expressivos, mas acabou por desacelerar e fechou o trimestre com uma perda de 1,21%.
Ambos concordam que a maior deceção foi a do comportamento dos CTT, com a depreciação do negócio postal e com a equipa de gestão. A empresa liderada por Francisco Lacerda não conseguiu gerar resultados, mas pretende, ainda assim, distribuir dividendos elevados pelos acionistas. A decisão levou a uma queda de 12% das ações desde o início do ano.
Ainda assim, o maior tombo foi o da NOS, que já desvalorizou 13,34% desde o início do ano, “em linha com a pressão vendedora no sector europeu de telecomunicações”, segundo Santos.
O trimestre ficou ainda marcado pela revisão da Euronext Lisbon ao PSI 20, que determinou o regresso da Novabase ao PSI Geral e puxou a F. Ramada para o índice de referência. Queiroz refere que em número de empresas, continua um “índice ‘coxo’ com apenas 18”, sublinhando que as mudanças não alteraram “nada de substancial” na Euronext Lisbon.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com