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Metalurgia e metalomecânica devem exportar mais 10% em 2021 para cerca de 19 mil milhões de euros

A comprometer o desempenho das exportações em 2020 esteve a queda verificada nas vendas para os principais mercados da União Europeia, com Espanha a cair 6,1%, França (-9,7%), Alemanha (-19,2%) e Itália (-23,7%).
19 Abril 2021, 08h33

As exportações nacionais do setor das empresas de metalurgia e metalomecânica devem crescer 10%, em média, este ano, para cerca de 19 mil milhões de euros, embora não recuperem totalmente a queda de 2020, revelou hoje a associação do setor.

“Temos de ser cautelosos, mas tendo em conta um crescimento de 10%, em média, ainda não vamos conseguir totalmente recuperar a quebra de 2019 para 2020 (de 12,7%), mas vamos aproximarmo-nos dos números de 2019 (19,6 mil milhões de euros)”, afirmou o vice-presidente da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal, Rafael Campos Pereira, à agência Lusa.

Num inquérito recentemente realizado ao setor, 64% das empresas esperam, este ano, ter um crescimento de 64% no volume de negócios, enquanto 50% preveem crescer nas exportações, disse o responsável associativo, apontando para um crescimento situado num intervalo de 5% a 20%, em ambos os casos.

A comprometer o desempenho das exportações em 2020 esteve a queda verificada nas vendas para os principais mercados da União Europeia, com Espanha a cair 6,1%, França (-9,7%), Alemanha (-19,2%) e Itália (-23,7%).

França, que é o terceiro principal mercado de Portugal, apresenta atualmente uma difícil situação por causa da pandemia de covid-19, exemplificou Rafael Campos Pereira.

E prosseguiu: “Até agora os confinamentos, tirando o primeiro, não têm perturbado as exportações para França, mas não sabemos o que pode acontecer, nomeadamente, com restrições nas fronteiras, pois estamos a falar essencialmente de transporte rodoviário”.

“Em 2020, apesar das enormes dificuldades com que tivemos, crescemos 21,3% para os mercados fora da União Europeia, e a expectativa é a de prosseguirmos essa trajetória crescente em mercados onde tivemos crescimentos homólogos muito surpreendentes (Japão, Marrocos, Austrália, Turquia e Chile)”, apontou.

A estratégia seguida pelas empresas passa pela redução das dependências dos mercados habituais, que são os mais maduros e desenvolvidos, e onde as empresas cresceram muito nos anos anteriores à pandemia, contrabalançando com vendas para os mercados fora da União Europeia, onde tem havido muitas tentativas de prospeção no Médio Oriente, América Latina e em África.

“No México começámos a crescer, depois de termos lá uma dezena de empresas nossas associadas e no Brasil onde há a Simoldes”, disse Rafael Campos Pereira à Lusa, realçando que há muitas empresas a trabalhar para a indústria automóvel, embora outras não pertençam a esta área de negócio.

Sobre o Chile referiu que há algumas empresas que se estão lá a instalar e existem outros países, nomeadamente, na América Latina, onde ou se estão a instalar ou há já lá algumas unidades industriais, tal como em África.

Atualmente, África continua a ser um “continente adiado,” embora se diga sempre que “vai ser o grande mercado do futuro”, mas “vai haver um momento, não tenhamos dúvidas, onde a situação estabilizará e será dado o salto”, continuou, lembrando que há, atualmente, empresas instaladas no Senegal, Costa do Marfim e no Gana, além dos países lusófonos, Angola, em que admitiu atravessar-se “dificuldades acrescidas”.

O vice-presidente da AIMMAP referiu também à Lusa que em todos os “momentos de crise” que Portugal atravessou, o setor “soube reagir”, procurando novos mercados internacionais.

“Entre 2010 e 2019 tivemos um crescimento das exportações superior a 100%, mais do que duplicámos” as vendas para o exterior, garantiu, sendo que em 2019 as exportações do setor representaram mais de um terço das efetuadas pela indústria transformadora portuguesa.

Quanto aos Estados Unidos, as empresas estavam a crescer bastante até à administração Trump, altura em que houve uma travagem, sendo que a AIMMAP espera agora retomar o crescimento, pois é um mercado muito importante.

Questionado sobre os efeitos do ‘brexit’, Rafael Campos Pereira, explicou que o Reino Unido foi um mercado onde houve um “crescimento fulgurante” nos anos anteriores ao referendo. Depois deste, as exportações ainda cresceram, pois, as empresas beneficiaram do “trabalho anterior e das encomendas em curso”, mas posteriormente “não só o crescimento foi travado como até houve algumas oscilações negativas”, esclareceu.

Trata-se, no entanto, de um “parceiro estratégico enorme”, por si só, mas também pelas ligações que tem aos países da Commonwealth, mencionou.

Nos últimos 10 anos, este setor apresentou um forte crescimento das exportações, apesar de em 2020 se ter registado uma queda, mas, contudo, mantiveram-se os 250 mil postos de trabalho, segundo a mesma fonte.

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