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Mexia: “Se a EDP pode distribuir dividendos é que porque fez o trabalho de casa”

A forte posição de liquidez, o compromisso com os investidores e a tendência no setor foram os principais fatores que o CEO da EDP usou para explicar o pagamento de dividendos no valor de 675 milhões. Após uma semana de críticas vindos do Bloco de Esquerda, Mexia salientou que os dividendos “são sustentados exclusivamente pela atividade internacional”.
  • Cristina Bernardo
16 Abril 2020, 20h24

A EDP Energias de Portugal tem uma forte posição de liquidez, resultante de uma politica de financiamento prudente, e que permite manter a estabilidade na distribuição de dividendos, mesmo em alturas de crise como a atual, afirmou esta quinta-feira António Mexia, CEO da empresa.

“Se a EDP tem capacidade para distribuir dividendos é porque fez o trabalho de casa, nomeadamente com a política de financiamento prudente”, referiu, em conferência de imprensa após a Assembleia Geral, na qual os acionistas aprovaram a proposta de pagamento de um dividendo de 0,19 euros por ação relativos ao exercício de 2019, com mais de 99% dos votos.

No total, a empresa vai pagar 694,74 milhões de euros em dividendos, um valor que tinha sido criticado pelo Bloco de Esquerda como excessivo numa altura de crise devido à pandemia da Covid-19 e na qual muitas cotadas estão a cancelar, cortar ou adiar a remuneração acionista.

Questionado sobre a decisão de manter o dividendo neste contexto, Mexia rejeitou a ideia de esse ser o caso no setor da energia. “Não é verdade. A grande maioria das empresas do setor mantiveram e muitas vezes até com fortes crescimentos, nós ficamos no floor, pelo menos nível dos últimos quatro anos”, disse. “A maior parte das empresas não só cumpriu a sua política como também aumentou os dividendos, coisa que não aconteceu na EDP”.

Segundo a estratégia anunciada em Londres em março de 2019, a empresa pretende pagar um dividendo de pelo menos 0,19 cêntimos por ação por ano até 2022. Façe ao resultado líquido de 512 milhões de euros em 2019, o dividend payout, ou seja, o rácio do total dos dividendos pago face ao resultado total foi de 136%.

A pressão para cortar os dividendos tem sido exercida pelos atores políticos e em relação ao setor da energia, o Bloco de Esquerda tem sido a voz mais crítica. Após o partido ter criticado a proposta do board da EDP de dividendos num valor superior ao do lucro de 2019, a coordenadora, Catarina Martins, sublinhou que os quase 700 milhões de euros a distribuir equivalem a dez anos de tarifa social energética disponibilizada pela empresa.

António Mexia sublinhou mais que uma vez durante a conferência de imprensa que “os dividendos da EDP são sustentados exclusivamente pela atividade internacional”, dado que a atividade em Portugal registou prejuízos nos últimos dois, muito por culpa de pressão regulatória, segundo a empresa.

“Se dependesse de Portugal a proposta dos dividendos seria muito diferente, provavelmente zero”, sublinhou. O CEO quis, no entanto, salientar também o compromisso que a EDP tem com o país: “Em Portugal estamos a falar de 3.500 milhões até 2022 em Capex e Opex, com a viabilização de seis mil postos de trabalho, assumindo um papel decisivo no que acreditamos que é o rearranque da economia, em que o Green Deal é decisivo”.

A palavra compromisso foi também empregue por Mexia diversas vezes, relacionado com vários stakeholders, incluindo investidores e trabalhadores.

“A decisão de hoje dos acionistas porque eles são todos soberanos, ms foi com base numa proposta alinhada com as recentes indicações da CMVM”, disse, adiantando que o nosso plano de negócios prevê equilibrio sustentável entre crescimento, desalavncagem e reforço de balanço e remuneração acionista. “A disponilidade de capital, em segundo, temos uma forte liquidez de praticamente 7 mil milhões de euros”, um valor que deixa a elétrica financiada por quase dois anos.

“Por isso temos esta capacidade de propor dividendos que os acionistas decidem prende-se com um política de financiamento prudente, rotação de ativos e exclusivamente com este crescimento internacional”.

A terceira condição é o escrutínio claro que é feito em companhias como a EDP, vincou Mexia.  “Somos uma de duas únicas que são grau de investimento no PSI 20”, recordou.

O CEO explicou que a EDP tem mais de 100 mil acionistas que investiram as suas poupanças, direta ou indiretamente,  na empresa. “Parece nos absolutamente fundamental  manter esse nível de confiança, compromisso e liquidez na economia”, disse, explicando ainda que  o total dos dividendo “está em linha com o que foi pago aos colaboradores”.

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