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Michel Temer suspeito em mais um caso de corrupção

A fase pós-presidencial promete ser, para o atual presidente, uma tormenta face ao acumulado de investigações que esperam a sua ‘passagem à disponibilidade’. Desta vez, a suspeita cai sobre uma lei que pode ter favorecido as empresas portuárias.
  • Adriano Machado/Reuters
17 Outubro 2018, 08h41

A curta permanência de Michel Temer na presidência do Brasil continua a ser um calvário de suspeitas e de indícios de corrupção – que começou ainda antes de o político chegar à presidência e ainda não o abandonou agora que está prestes a deixar o lugar. Segundo a imprensa brasileira, a polícia federal pediu ao procurador-geral para indiciar o ainda presidente brasileiro e dez outras pessoas, incluindo uma filha do presidente, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A polícia tenta há mais de um ano perceber se Temer, no poder desde 2016 depois do impeachment de Dilma Rousseff, recebeu contrapartidas em troca da adoção de um decreto de maio 2017 para incentivar empresas do sector portuário. A acusação deve agora decidir se vai apresentar uma queixa criminal contra o presidente, se são necessárias mais investigações ou se declara o caso encerrado.

De acordo com a Constituição, a autorização do Congresso é imperativa para o Suprem Tribunal investigar e, eventualmente, processar o presidente, mas a polícia federal já exigiu, segundo as mesmas fontes, o congelamento de bens de todos os envolvidos na investigação, bem como a prisão preventiva de quatro deles.

O palácio do Planalto, sede da presidência, disse que o chefe de Estado não comentaria as informações sobre mais uma suspeita de corrupção. Michel Temer sempre rejeitou firmemente as acusações contra ele, que haviam sido tornadas públicas desde o início da investigação. Por sua parte, um juiz do Supremo Tribunal Federal, que também recebeu o relatório da polícia federal, disse que estava a aguardar a decisão do promotor público.

No ano passado, Temer foi alvo de duas investigações da procuradoria por corrupção e conspiração criminosa. Em ambos os casos, o Congresso decidiu congelar as investigações até o final do mandato presidencial, que termina em 1 de janeiro de 2019.

A nova acusação surge menos de duas semanas antes da segunda volta das eleições presidenciais, entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Temer é o presidente mais impopular das últimas décadas no país, com um índice de popularidade de 5% – nunca tendo conseguido ir muito além destes valores, mesmo na altura em que substituiu Rousseff.

A presença de Temer na presidência foi sempre de algum desconforto, que ficou bem patente nas prestações que o presidente teve ao nível dos contactos internacionais. A sua impopularidade interna levou-o, por outro lado, a desistir rapidamente de avançar para uma candidatura à presidência do país, que chegou a equacionar.

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