[weglot_switcher]

Microplásticos na água não são um risco para humanos, mas OMS quer mais investigação

Este é o primeiro passo da OMS para analisar os potenciais riscos para a saúde humana associados à exposição dos microplásticos no ambiente. A conclusão geral é que os consumidores de água não devem ficar demasiado preocupados, contudo a organização sublinha que é urgente fazer mais investigação sobre o assunto.
22 Agosto 2019, 11h45

A presença de microplásticos na água para consumo diário tem pouco impacto na vida humana ou parecem mesmo não representar um perigo para a saúde. Porém, é necessário mais investigação sobre o assunto de modo a entender como é que o plástico se espalha pelo meio ambiente e pode ser prejudicial para o ser humano a longo prazo. Esta é uma das conclusões do relatório “Microplásticos na Água para Consumo” divulgado esta quinta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Se juntarmos todos os estudos científicos e recomendações realizadas até à data de hoje – as informações atuais sobre a detecção de pequenas partículas de plástico em água fresca, potável ou residual aparecem em 50 investigações (apenas nove se concentram na água potável) – este é o primeiro passo da OMS para analisar os potenciais riscos para a saúde humana associados à exposição dos microplásticos no ambiente.

De acordo com uma análise que resume os conhecimentos mais recentes sobre o assunto, “microplásticos de mais de 150 micrómetros não são absorvidos pelo corpo humano e a entrada de partículas menores deve ser limitada”. “No entanto”, acrescenta a OMS, “a absorção de partículas microplásticas muito pequenas, mesmo na faixa de tamanho nano, pode ser maior, embora os dados sejam extremamente limitados”. Os estudos em animais mostram que isso acontece em situações em que existem “exposições extremamente altas” de microplásticos, o que não ocorrerá na água para consumo. Portanto, “conclusões sólidas do risco associado à ingestão de partículas de microplástico através da água para consumo ainda não estão determinadas”.

Relativamente aos químicos e os biofilmes, a OMS destaca que “com base nas provas disponíveis, os químicos e os agentes patogénicos microbianos associados aos microplásticos na água para consumo constituem um baixo risco para a saúde humana.”

Apesar da falta de conhecimento, a OMS chega a conclusões preliminares, partido do facto de que os seres humanos têm consumido estas substâncias há décadas “sem indicações de efeitos adversos à saúde”. Além disso, relembra que os métodos de tratamento de águas residuais podem eliminar mais de 90% dos microplásticos dessas águas, sobretudo durante a filtragem. E destaca-se que o tratamento convencional da água para consumo – que inclui a coagulação e a filtragem – pode remover partículas mais pequenas do que um micrómetro. Porém em países de médio e baixo rendimentos, 67% da população “não tem acesso a redes de esgotos e cerca de 20% do esgoto doméstico que chega aos coletores não é tratado”. “Nestes sítios, os microplásticos podem existir em grandes concentrações nas fontes de água doce para consumo”, lê-se, frisando-se que, ao combater-se o problema da exposição humana à água contaminada com fezes, essas comunidades também minimizam o problema dos microplásticos.

A conclusão geral é que os consumidores (de água) não devem ficar demasiado preocupados”, diz um dos autores do estudo, citado pelo The Guardian. Bruce Gordon também sublinha que o nível de perigo atual é baixo, mas alerta: “Não podemos afirmar que não vai haver risco no futuro”. Se as emissões de plástico continuarem ao ritmo atual, os microplásticos podem apresentar riscos generalizados para os ecossistemas aquáticos e para a saúde humana no espaço de um século.

Como recomendações, o relatório destaca que os reguladores e fornecedores de água devem ter como prioridade a remoção de agentes patogénicos microbianos e químicos que coloquem em risco a saúde humana, como os que causam diarreias mortais, o que também ajudará a remover microplásticos. Quanto à monitorização rotineira de microplásticos na água para consumo, não é recomendada até que existam provas que mostrem o seu risco para a saúde humana.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.