Na apresentação dos resultados semestrais nos quais o BCP registou uma queda de resultados de 55,3% para 76 milhões de euros num ano, o CEO Miguel Maya diz que “vai defender ao máximo o capital do banco”.
O rácio de capital total está nos 15,5%, incluindo os resultados não auditadas, e está acima dos requisitos regulamentares. Comparando com o mesmo período do ano anterior em que o rácio era de 14,7%
Há uma folga de capital de 2,2 pontos percentuais face ao requisito que é de 13,3% (incluindo a reserva de conservação de 2,5%; o Pilar 2 de 2,25% e o rácio mínimo legal do setor que é 8%).
Trata-se de um buffer de mil milhões acima do nível em que existem restrições ao montante máximo distribuível de resultados, de acordo com a regulamentação.
No capital de melhor qualidade (CET 1) a folga face ao requisito é de 3,3 pontos percentuais, mas tendo em conta a flexibilização dos requisitos das reservas de conservação e a almofada dos bancos sistémicos (O-SII) a folga passa para 6,3 pontos percentuais “que não tencionamos usar”, disse Miguel Maya.
”A diferença do rácio fully implemented para o requisito necessariamente realizável em CET1 de 1,5 mil milhões de euros, não considerando a utilização de reservas de conservação e O-SII (other systemically important institutions) e de 2,2 mil milhões considerando a utilização dessas almofadas”, diz o banco.
Essa folga no rácio de capital total, caso o BCP gastasse as almofadas que o BCE flexibilizou para fazer face aos efeitos económicos do COVID-19, a folga face aos requisitos regulamentares seria de 5,3 pontos percentuais.
O Banco Central Europeu (BCE) permitiu que os bancos não alcancem as exigências mínimas para alguns dos requisitos de capital e operacionais. O objetivo é que tenham maior capacidade para ajudar a economia num momento em que há uma pandemia, o surto da Covid-19.
Isto é, os bancos têm vindo a constituir almofadas de capital e de liquidez para que o excesso de capital e de liquidez possa ser utilizado em situações de stress e o BCE considera que a atual pandemia é um desses casos.
“O BCE vai permitir que os bancos operam temporariamente abaixo do nível de capital definido para o pilar 2, para a reserva de conservação de capital e para o rácio de cobertura de liquidez”, anunciou o banco central. Além disso, a entidade sediada em Frankfurt acredita que as autoridades nacionais (como o Banco de Portugal) vão ainda relaxar a almofada de capital contraciclica (em Portugal está em zero).
O BCE exigiu que os bancos não usem a folga para distribuir dividendos, mas Miguel Maya garantiu que não vai distribuir dividendos.
O rácio CET1 estimado em 30 de junho de 2020 fixou-se em 12,1% phased-in e fully implemented, refletindo uma variação de -6 e de -3 pontos base, respetivamente, face ao rácio de 12,2% reportado de acordo com as regras phased-in e fully implemented, na mesma data de 2019.
A evolução do rácio CET1 fully implemented foi influenciada sobretudo pela geração orgânica de capital, mitigando o aumento generalizado dos riscos ponderados.
O Rácio Total beneficiou da colocação de uma emissão de Tier 2 de 450 milhões de euros em Portugal.
Os rácios de capital estimados para o final do primeiro semestre de 2020, situam-se acima dos rácios mínimos definidos no âmbito do SREP (Supervisory Review and Evaluation Process) para o ano de 2020 (CET1: 8,828%, T1: 10,750% e Total: 13,313%), refere o banco.
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