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Miguel Maya diz que BCP não tenciona usar almofadas de capital liberadas pelo BCE

O BCP tem uma folga de 2,2 mil milhões em rácio de capital core, face aos requisitos das autoridades regulamentares, que foram libertados para os bancos fazerem face ao impacto económico do COVID-19. Miguel Maya garante também que não vai distribuir dividendos este ano.
  • Miguel A. Lopes/Lusa
28 Julho 2020, 17h52

Na apresentação dos resultados semestrais nos quais o BCP registou uma queda de resultados de 55,3% para 76 milhões de euros num ano, o CEO Miguel Maya diz que “vai defender ao máximo o capital do banco”.

O rácio de capital total está nos 15,5%, incluindo os resultados não auditadas, e está acima dos requisitos regulamentares. Comparando com o mesmo período do ano anterior em que o rácio era de 14,7%

Há uma folga de capital de 2,2 pontos percentuais face ao requisito que é de 13,3% (incluindo a reserva de conservação de 2,5%; o Pilar 2 de 2,25% e o rácio mínimo legal do setor que é 8%).

Trata-se de um buffer de mil milhões acima do nível em que existem restrições ao montante máximo distribuível de resultados, de acordo com a regulamentação.

No capital de melhor qualidade (CET 1) a folga face ao requisito é de 3,3 pontos percentuais, mas tendo em conta a flexibilização dos requisitos das reservas de conservação e a almofada dos bancos sistémicos (O-SII) a folga passa para 6,3 pontos percentuais “que não tencionamos usar”, disse Miguel Maya.

”A diferença do rácio fully implemented para o requisito necessariamente realizável em CET1 de 1,5 mil milhões de euros, não considerando a utilização de reservas de conservação e O-SII (other systemically important institutions) e de 2,2 mil milhões considerando a utilização dessas almofadas”, diz o banco.

Essa folga no rácio de capital total, caso o BCP gastasse as almofadas que o BCE flexibilizou para fazer face aos efeitos económicos do COVID-19, a folga face aos requisitos regulamentares seria de 5,3 pontos percentuais.

O Banco Central Europeu (BCE) permitiu que os bancos não alcancem as exigências mínimas para alguns dos requisitos de capital e operacionais. O objetivo é que tenham maior capacidade para ajudar a economia num momento em que há uma pandemia, o surto da Covid-19.

Isto é, os bancos têm vindo a constituir almofadas de capital e de liquidez para que o excesso de capital e de liquidez possa ser utilizado em situações de stress e o BCE considera que a atual pandemia é um desses casos.

“O BCE vai permitir que os bancos operam temporariamente abaixo do nível de capital definido para o pilar 2, para a reserva de conservação de capital e para o rácio de cobertura de liquidez”, anunciou o banco central. Além disso, a entidade sediada em Frankfurt acredita que as autoridades nacionais (como o Banco de Portugal) vão ainda relaxar a almofada de capital contraciclica (em Portugal está em zero).

O BCE exigiu que os bancos não usem a folga para distribuir dividendos, mas Miguel Maya garantiu que não vai distribuir dividendos.

O rácio CET1 estimado em 30 de junho de 2020 fixou-se em 12,1% phased-in e fully implemented, refletindo uma variação de -6 e de -3 pontos base, respetivamente, face ao rácio de 12,2% reportado de acordo com as regras phased-in e fully implemented, na mesma data de 2019.

A evolução do rácio CET1 fully implemented foi influenciada sobretudo pela geração orgânica de capital, mitigando o aumento generalizado dos riscos ponderados.

O Rácio Total beneficiou da colocação de uma emissão de Tier 2 de 450 milhões de euros em Portugal.

Os rácios de capital estimados para o final do primeiro semestre de 2020, situam-se acima dos rácios mínimos definidos no âmbito do SREP (Supervisory Review and Evaluation Process) para o ano de 2020 (CET1: 8,828%, T1: 10,750% e Total: 13,313%), refere o banco.

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