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Miguel Relvas: “Às vezes sinto falta da política ativa, mas recomponho-me rapidamente”

Ex-ministro dos Assuntos Parlamentares afasta qualquer hipótese de regressar à vida política ativa no PSD, preferindo assumir-se como “um senador sem mandato” que está disposto a ajudar quem estiver disposto a ouvir os seus conselhos.
  • Cristina Bernardo
20 Janeiro 2020, 08h07

O antigo ministro dos Assuntos Parlamentares e atual consultor Miguel Relvas apoiou Miguel Pinto Luz na primeira volta das diretas para a presidência do PSD e Luís Montenegro na segunda, vincando as suas diferenças em relação a Rui Rio, cuja chegada à liderança social-democrata coincidiu com um afastamento da política ativa a que garante não pretender regressar. “Prefiro ser um senador sem mandato”, garante.

O único debate que houve entre candidatos à liderança do PSD antes da primeira volta das eleições diretas girou muito em torno das ligações à Maçonaria. Existe um problema no PSD com a Maçonaria?

Sempre vi no PSD pessoas da Maçonaria, do Opus Dei, dos Rotários, dos Lions… Essa foi uma falsa questão criada por uma visão saloia de quem a trouxe para cima da mesa. O PSD sempre foi representativo de todos os setores da sociedade, e por isso é que é um grande partido. O PS já teve um líder que veio dos setores mais conservadores da Igreja, o António Guterres, apesar de ser uma pessoa com uma visão muito progressista da sociedade. Os grandes partidos não podem ficar fechados sobre si mesmos, têm que ser alargados. Não me choca ter dentro do PSD pessoas com uma visão mais ou menos liberal da economia do que eu. Faz parte. Esse debate é que é salutar. No passado o PSD fazia muitos estes debates no Instituto Sá Carneiro. É para isso que os partidos têm esses institutos. Não me lembro de nada que o Instituto Sá Carneiro tenha feito nestes últimos dois anos.

Mas qual é a influência da Maçonaria no PSD?

Acho que é nula, como a influência do Opus Dei é nula. É uma falsa questão que se usa para agitar fantasmas.

Estando afastado da política ativa há alguns anos, não sente falta desse bichinho?

Às vezes sim, mas recomponho-me rapidamente. Há um tempo na vida para estarmos ligados a determinados setores e penso que é muito importante que quem está na política seja capaz de ter uma vida profissional, que possa sair e não seja dependente da política. Fui afastado das listas de deputados em 2007 e fui trabalhar para o mundo das empresas. Fiquei aborrecido politicamente mas não pessoalmente. Não se é deputado, está-se deputado. O pior que está a acontecer é que, com o que hoje se está a pagar na política não vêm os melhores. Os jovens mais bem preparados da sociedade portuguesa não vêm para a política. Não só porque a política muitas vezes não é atraente mas também porque paga mal. Trabalho com empresas, faço avaliação estratégica, gosto do que faço…

Admite voltar à política ativa?

Não. Vou apoiando. Prefiro ser um senador sem mandato do que ter qualquer tipo de mandato. Dou a minha opinião, digo aquilo em que acredito e aquilo que julgo ser melhor para o meu partido e o meu país. Não estou refém de nada nem de ninguém. Apenas da minha consciência e das minhas ideias.

Ser um senador sem mandato traduz-se em quê?

Em ser útil dando a minha opinião, podendo ajudar o líder do meu partido se ele me pedir.

Costuma ser contatado?

Nos últimos dois anos não. (risos) Aliás, fui ameaçado ainda Rui Rio não era líder do partido. “Ele vai ver o que lhe acontece”, disse ele, porque eu tinha dito que quem ganha eleições fica e quem perde eleições sai. Uma coisa simples e básica. Não tenho a mania da perseguição e pouco me interessa a opinião de quem a diz de forma maldosa ou com a qual não sinto necessidade de perder tempo.

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