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Millenium Estoril Open: a “arte do ténis” nasceu e continua a viver em Cascais

No século XIX, o aristocrata Guilherme Pinto Basto promoveu o primeiro desafio da modalidade em Cascais. Nos próximos dias, o concelho volta a receber alguns dos principais jogadores do ténis mundial.
30 Abril 2018, 22h18

Filho de uma família aristocrata e aluno do colégio Downside, em Inglaterra, Guilherme Pinto Basto promove o primeiro desafio da modalidade entre portugueses, em 1882, em Cascais. Os terrenos da antiga Parada da Cidadela terão sido o berço da modalidade. E Guilherme também um vencedor que entrou para a história, tendo-se sagrado campeão português, por nove vezes.

Enquanto dirigente, a sua atividade voltaria a dar frutos, nomeadamente com a fundação de dois clubes – o Club Internacional de Football e o Sporting Club de Cascais. A capacidade organizativa levou-o depois a presidir à primeira direção da Federação Portuguesa de Lawn-Tennis, fundada em 16 de Março de 1925. Desempenhou o cargo até 1934, quando foi substituído pelo diretor do Sporting Club de Cascais, Rodrigo Castro Pereira. Em 1946 foi eleito Presidente Honorário da Federação.

Falecido em 1957, Guilherme já tinha deixado uma herança marcante. Antes disso, em 1945, foi inaugurado o complexo do Estádio Nacional. O interesse nos Campeonatos Nacionais voltou a crescer no início dos anos sessenta, quando o nível qualitativo dos praticantes subiu e o ténis ficou marcado pela rivalidade que permitiu a Alfredo Vaz Pinto e a João Lagos repartirem os títulos disputados entre 1963 e 1972.

Em 1982 a ideia de trazer a Portugal uma grande figura do ténis mundial tornou-se finalmente possível. O mítico Bjorn Borg, retirado do circuito profissional no Outono de 1981, dedicava-se então apenas a encontros de exibição. As suas prestações em Cascais e Póvoa de Varzim, onde actuou ao lado de Vitas Gerulaitis, relançaram o interesse na modalidade.

Na década de 90, voltou a fazer-se história. Nasceria o Estoril Open, que foi subindo progressivamente de cotação no circuito internacional: Emilio Sanchez, Sergi Bruguera, Andrei Medvedev ou Thomas Muster foram alguns dos grandes vencedores. Mais tarde, com o patrocínio do Millennium BCP, o novo Estoril Open sucedeu ao torneio organizado durante 25 anos, no complexo do Jamor, por João Lagos.

Sobre a edição de 2018 do torneio, João Zilhão (diretor do torneio) relembrou o caráter inclusivo num evento “que não tem parado de crescer”. “Estamos muito contentes. É o quarto ano do evento, que não tem parado de crescer e está bem sustentado. É um extraordinário momento de família, de música, e os jovens podem ter um primeiro contacto com o ténis”, disse João Zilhão em conferência de imprensa.

“O Estoril Open é mais do que o maior evento desportivo do ano em Portugal. É uma oportunidade única para, a partir de Cascais, projetarmos a imagem de um país moderno e cosmopolita, de um país com uma identidade e história ricas”, diz Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais ao Jornal Económico.

De 28 de abril a 6 de maio, o Millennium Estoril Open procura superar a assistência no local que tem crescido nos últimos anos e que em 2017 registou um recorde de 41.695 espectadores. Kevin Anderson, finalista na última edição do US Open e recente vencedor do inaugural Open de Nova Iorque, encabeça a lista graças ao oitavo posto que ocupa na hierarquia mundial. Seguem-se o campeão em título Pablo Carreño-Busta e o sul-africano Kyle Edmund.  João Sousa, o melhor tenista nacional, é a esperança de todos os portugueses para uma vitória no torneio. “Temos uma longa tradição de ténis no concelho. Há mais de uma dezena de escolas e milhares de praticantes. É um desporto muito popular que, no país, se jogou pela primeira vez em Cascais”, acrescentou o autarca.

“A edição deste ano tem por mote a arte do ténis e só posso dizer que estamos muito contentes com o diversificado naipe de artistas da raqueta que marcará presença”, afirmou o diretor do torneio, João Zilhão.

 

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