[weglot_switcher]

Ministério do Ambiente quer mobilizar 4,5 mil milhões de euros de investimento em sustentabilidade

Matos Fernandes revelou ainda que os projetos de investimento em sustentabilidade que estão na calha passam pelas fileiras de produção, distribuição e consumo até à valorização da biodiversidade, aos transportes e à valorização dos recursos naturais e geológicos, tendo sido estabelecidos “dez objetivos que nos permitem concretizar a nossa missão”.
20 Maio 2020, 19h09

O Ministério do Ambiente traçou como meta mobilizar um total de 4,5 mil milhões de euros de investimento, público e privado, em projetos de sustentabilidade para reanimar a economia nacional na saída da crise provocada pelo surto do coronavírus.

Numa audição regimental da Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, que teve lugar hoje, dia 20 de maio, na Assembleia da República, o ministro João Pedro Matos Fernandes assegurou aos deputados que, “com uma forte componente de investimento público, se para tal existirem condições de financiamento a nível europeu, mas também com a participação de investimento privado, quereremos mobilizar 4,5 mil milhões de euros para investimentos que apostam na sustentabilidade, que asseguram uma sociedade mais equilibrada e mais justa”.

“A nossa visão é criar riqueza e bem-estar para a sociedade a partir de projetos de investimento que beneficiem a redução de emissões, promovam a transição energética, a mobilidade sustentável, a circularidade da economia e a adaptação e a valorização do território. A nossa missão é a de garantir que os temas ambientais são comummente aceites como aqueles que melhor podem contribuir para a recuperação da economia e para o combate à pobreza, no curto prazo, e, em simultâneo, construir uma sociedade mais justa e um território mais sustentável, no longo prazo”, defendeu o ministro do Ambiente e da Ação Climática na ocasião.

Matos Fernandes revelou ainda que os projetos de investimento em sustentabilidade que estão na calha passam pelas fileiras de produção, distribuição e consumo até à valorização da biodiversidade, aos transportes e à valorização dos recursos naturais e geológicos, tendo sido estabelecidos “dez objetivos que nos permitem concretizar a nossa missão”.

“Este é o momento de preparar em Portugal um choque de investimentos público que permita dinamizar a economia de imediato. Temos de atender aos grandes desafios societários que se colocam hoje a nível nacional, europeu e mundial e que gerem benefícios a longo prazo para a sociedade e para a economia”, assumiu o ministro do Ambiente, referindo seis áreas específicas de atuação nesse futuro plano de investimentos: descarbonização da economia; uso eficiente de recursos, apostando na economia circular; resiliência das infraestruturas; modernização e transformação digital de sectores económicos estratégicos; preservação da biodiversidade e eliminação da poluição; e valorização do capital natural.

“Fomos os primeiros a assumir a neutralidade carbónica em 2050 e construímos um roteiro (RNC2050) para tal. Sabemos que a década de 2020/30 é a chave para atingirmos os nossos objetivos e o Plano Nacional Energia e Clima (PNEC2030) que elaborámos comprova-o pela sua ambição. Temos um Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) que integra as opções certas para o território e a valorização do capital natural, o qual influenciou de forma determinante a política de paisagem com que queremos renovar a nossa prática florestal. Estruturámos um Plano de Ação para a Economia Circular (PAEC) e estamos a fazer igual exercício para a Bioeconomia”, sublinhou Matos Fernandes, considerando que “não podemos dizer que não tínhamos trabalho feito para preparar o futuro”.

“Mas a intensidade e a magnitude da crise pandémica obrigaram-nos a realinhar os nossos objetivos”, assinalou o ministro do Ambiente, advogando que “é nosso entendimento que as respostas a esta crise, que ao contrário da de 2009 atingiu todos por igual, terá um elemento diverso: a necessidade de aumentar o investimento público”.

Para Matos Fernandes, “este será o momento para um estímulo por parte dos governos e das instituições financiadoras, voltado para a recuperação financeira e económica”, adiantando que “a resposta à crise terá de ser simultânea e imediata, mas deve ter em conta uma visão de longo prazo”.

“O tipo de receitas a aplicar não variarão muito: reformas fiscais, subsídios, transferências e o aumento de investimento público em setores ou em projetos estratégicos”, explicou o ministro do Ambiente, reconhecendo que, “sem dúvida que, desta vez, vai ser essencial o aumento do investimento público e as opções tomadas nesse âmbito serão absolutamente cruciais e terão um enorme impacto no modelo de desenvolvimento do país e na sua evolução no médio e no longo prazo”.

“Estamos obrigados, hoje, a tomar decisões rápidas com efeitos duradouros no sistema económico”, assumiu o ministro.

Matos Fernandes pontuou a sua intervenção nesta audição parlamentar salientando que, “para a maioria das personalidades que consultámos, a ‘economia verde’ é essencial para orientar a retoma pós-crise, porque respeita os recursos, porque é mais transparente, porque é socialmente mais justa, porque é mais mão-de-obra intensiva”.

“Concordamos – é este o modelo que queremos adotar”, concluiu o ministro do Ambiente.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.