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Ministro da Economia diz que levantamento das restrições será “daqui a algumas semanas”

Videoconferências com dezenas de economistas permitiram a Pedro Siza Vieira e ao primeiro-ministro discutir cenários sobre as possibilidades de retoma da normalidade em Portugal. Seguem-se reuniões com os parceiros sociais nesta quarta-feira.
  • Cristina Bernardo
14 Abril 2020, 19h44

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse que o levantamento das restrições à atividade económica e à circulação provocadas pela pandemia de Covid-19 só poderá ser feito, “de forma gradual e progressiva”, dentro de algumas semanas. No final de uma videoconferência realizada na residência oficial do primeiro-ministro, na qual participou com António Costa e um vasto leque de economistas, o governante disse que “temos de ir construindo uma confiança coletiva na capacidade que teremos de proteger os elementos mais frágeis da população”.

“Daqui a algumas semanas, quando começarmos a equacionar o levantamento destas restrições, com a mesma capacidade de gerir o risco que até agora tivermos, temos de encarar a forma como vamos retomar a nossa atividade, com medidas de proteção individual e nos espaços públicos”, disse Pedro Siza Vieira, antecipando a renovação do Estado de Emergência nesta sexta-feira.

O ministro de Estado e da Economia realçou também que foi referido pelos diversos participantes nas videoconferências realizadas nesta terça-feira que “a própria forma como o país tem vindo a gerir esta crise projeta uma imagem positiva externa muito positiva do nosso país como um destino seguro, como um país onde existe enorme coesão social, e isso traz vantagens no reposicionamento futuro da nossa economia”. Algo particularmente importante devido ao peso do turismo na economia nacional.

Pedro Siza Vieira disse que “ainda não sabemos exactamente qual será o impacto real da contração económica nos meses de março, abril e maio”, ressalvando que 82% das empresas estão a manter a atividade, que o lay-off abrange menos de um quarto da população ativa e ainda não existe um crescimento “muito significativo” do desemprego, mas admitiu que vai “ser severo e terá impacto no produto interno bruto no final do ano”. “Sabemos que vai ser duro”, disse o governante, recordando que o titular da pasta das Finanças, Mário Centeno, exprimiu a esperança de que a queda da economia nacional não atinja os dois dígitos.

“Sabemos que vai ser duro. Aquilo que é importante é que depois deste trimestre, com maiores medidas de restrição, possamos com cuidado e confiança voltar a retomar a atividade, sempre salvaguardando a saúde das pessoas, porque esse capital de confiança tem de ser o maior fator de recuperação da nossa economia: todos nos sentirmos bem protegidos”, enfatizou.

Acerca da TAP, o ministro disse que “é uma empresa estratégica para Portugal, que nos liga ao resto do mundo e assegura a continuidade territorial do nosso país e a ligação às comunidades portuguesas no exterior”, pelo que “deve ser preservada”. Num contexto em que todas as companhias de aviação do mundo “é óbvio que o Governo vai assegurar a continuidade da TAP”, sem excluir a nacionalização entre vários outros cenários.

Em entrevista à Rádio Observador, nesta manhã, António Costa dissera que é prematuro falar no levantamento das medidas de contenção motivadas pela pandemia de Covid-19, a qual levará a que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vá propor uma segunda prorrogação do Estado de Emergência que será votada na Assembleia da República na quinta-feira. “Quando começarmos a retirar, seja daqui a 15 dias ou um mês, o nível de contágio irá aumentar”, advertiu o primeiro-ministro, deixando claro que alguns setores económicos e regiões do país poderão ser aliviados antes de outros.

Também hoje foi divulgada uma estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) que aponta para uma contração de 8% no produto interno bruto nacional em 2020, bem como a subida do desemprego para 13,9%, no âmbito daquilo que a economista-chefe Gita Gopinath chamou a maior recessão mundial desde a Grande Depressão.

No início da tarde, o primeiro-ministro e o ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, manteve uma reunião em videoconferência sobre o “Relançamento da Atividade Económica em Contexto de Crise Pandémica”, contando com a participação de um leque muito variado de economistas: Catarina Reis e Francisca Guedes de Oliveira (Universidade Católica); Luís Catão e António Afonso (ISEG); Ricardo Paes Mamede e Alexandra Ferreira Lopes (ISCTE); Miguel Pereira e Susana Peralta (NOVA SBE); Fernando Alexandre e João Cerejeira (Universidade do Minho); José Caetano e Miguel Rocha de Sousa (Universidade de Évora); Pedro Gil e Pedro Teixeira (Universidade do Porto); Pedro Bação e Tiago Sequeira (Universidade de Coimbra); João Amador (Banco de Portugal); Miguel St. Aubyn (Conselho de Finanças Públicas); Ricardo Reis (London School of Economics); e Miguel Faria e Castro (Federal Reserve Bank of St. Louis).

Da parte da manhã, António Costa tivera outra reunião, também em videoconferência, dedicada ao tema “Perspetivas para a Economia Portuguesa em Contexto de Crise Pandémica”, na qual participaram representantes de instituições nacionais que elaboram projeções macroeconómicas. Os seus interlocutores foram então Nuno Alves (Banco de Portugal), Nazaré da Costa Cabral (Conselho de Finanças Públicas), Carlos Coimbra (INE), António da Ascensão Costa (ISEG) e João Borges de Assunção (Universidade Católica Portuguesa).

Nesta quarta-feira, depois de participar pela manhã em mais uma sessão de apresentação da “Situação Epidemiológica da Covid-19 em Portugal”, o primeiro-ministro vai passar a tarde em reuniões de trabalho com parceiros sociais. Primeiro terá uma reunião de trabalho conjunta com a Confederação do Comércio e Serviços (CCP), Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e Confederação do Turismo de Portugal (CTP). Seguir-se-ião duas reuniões com as centrais sindicais CGTP-IN e UGT.

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