[weglot_switcher]

Ministro da Saúde do Brasil defende distanciamento social até ao fim da vacinação

Em relação a possíveis confinamentos ou às restrições que Bolsonaro tem rejeitado, o ministro reconheceu que “essas medidas extremas podem ser aplicadas em situações específicas em algum município”, mas descartou que possam ser impostas a nível nacional, num país tão grande como Brasil, com 212 milhões de habitantes.
  • Cristo Redentor, Rio de Janeiro (Brasil)
7 Maio 2021, 08h24

O ministro da Saúde brasileiro admitiu, numa comissão parlamentar de inquérito, que o distanciamento social vai ser necessário até à conclusão do processo de vacinação.

Marcelo Queiroga, o quarto ministro da Saúde desde o início da pandemia no Brasil, que já causou quase 416 mil mortes e 15 milhões de casos, compareceu na quinta-feira perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada pelo Senado brasileiro para identificar possíveis falhas e omissões do Governo no combate à covid-19.

O ministro foi questionado por senadores, principalmente da oposição, sobre as declarações do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a minimizar o impacto da pandemia e sobre as críticas do chefe de Estado ao uso de máscaras e medidas de isolamento.

Queiroga afirmou, repetidamente, não estar em condições de “fazer julgamentos de valor” ou censurar as “opiniões pessoais” do Presidente, mas frisou que o Ministério da Saúde está comprometido na procura de vacinas e na promoção de “medidas não farmacológicas” para conter o contágio.

“O meu papel não é criticar o Presidente ou outros ministros”, mas sim tentar convencer os brasileiros a manter “os cuidados necessários”, declarou o ministro e médico.

Em relação a possíveis confinamentos ou às restrições que Bolsonaro tem rejeitado, o ministro reconheceu que “essas medidas extremas podem ser aplicadas em situações específicas em algum município”, mas descartou que possam ser impostas a nível nacional, num país tão grande como Brasil, com 212 milhões de habitantes.

Mesmo assim, frisou que este tipo de restrição “não conta com a adesão de toda a população”, pelo que é recomendável que se incentive o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool-gel, apesar de essas não serem práticas habituais de Bolsonaro.

O ministro insistiu que, embora a curva pandémica tenha diminuído nas últimas semanas, em número de mortes e de casos, “não é hora de relaxar”, mas de acentuar todas as medidas preventivas para evitar uma nova vaga.

O governante admitiu ter sido divulgado um número sobrestimado de vacinas já contratadas contra a covid-19.

Nesta quinta-feira, a CPI tinha previsto ouvir o depoimento do diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador), Antonio Barra Torres, mas a audição foi adiada para a próxima semana por falta de tempo.

A investigação parlamentar no Senado, que tem um prazo inicial de 90 dias, tem como objetivo determinar as responsabilidades pelos problemas na gestão da pandemia.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.244.598 mortos no mundo, resultantes de mais de 155,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.