O ministro holandês das Finanças, Wopke Hoekstra, admitiu que não demonstrou “empatia suficiente” com os países europeus mais afetados pelo coronavírus, como Itália e Espanha, quando pediram a emissão de coronabonds e acesso a fundos do Mecanismo Europeu de Estabilidade na cimeira europeia na última quinta-feira.
“Deveríamos ter deixado claro na semana passada, inclusivamente eu, que queremos ajudar. Não tivemos empatia o suficiente. Expressamos isso de maneira a provocar resistência”, acrescentou o ministro em entrevista ao canal de notícias holandês RTL Z e citado pelo jornal ‘El Pais’.
Hoekstra indicou que o seu país está disposto a contribuir com “mais dinheiro” “acima das suas obrigações” para algum tipo de programa de apoio europeu, mas manteve a rejeição a qualquer instrumento de partilha do risco de funcionamento por via de instrumentos indexados a uma espécie de dívida comunitária. “Sobre os coronabonds ou eurobonds, ou como os queiram chamar, simplesmente não é prudente. É uma solução para um problema que não existe agora”, afirmou.
Na última reunião, por videoconferência, do Conselho Europeu, que terminou com a convocação para uma nova reunião dentro de 15 dias, Hoekstra sugeriu investigar por que razão alguns países não têm margem orçamental para enfrentarem uma nova crise, apesar do facto de a Zona Euro ter registado sete anos de crescimento ininterrupto.
O primeiro ministro António Costa apelidou esse comentário de “repugnante”, o que lhe valeu o forte aplauso de uma série de entidades espanholas, nomeadamente das principais confederações sindicais daquele país.
Mas o problema mantém-se, tanto mais que o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, é precisamente da mesma opinião. Nesse quadro, e uma vez que uma decisão sobre os bonds comuns tem de passar por um consenso de todos os países comunitários, o processo está bloqueado – uma vez que não só a Holanda mas também a Alemanha, a Áustria e a Finlândia também não querem aceitar essa opção.
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