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Ministro das infraestruturas desculpa-se pela CP e BE alerta para situação “que não se pode ignorar” na Soflusa

Ao mesmo tempo que decorria o debate de urgência requerido pelo grupo parlamentar do BE sobre “Supressões nos transportes públicos urbanos e suburbanos”, esta sexta-feira, o o gabinete de Matos Fernandes fez saber que o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade reúne hoje com os sindicatos dos trabalhadores da Soflusa.
  • Cristina Bernardo
31 Maio 2019, 11h56

A grave situação vivida este mês nos transportes públicos que ligam as margens do rio Tejo por via fluvial levaram o Bloco de Esquerda a requerer um debate de urgência sobre “supressões nos transportes públicos urbanos e suburbanos”, na Assembleia da República esta sexta-feira, 31 de maio, tendo em conta a greve dos mestres da Soflusa marcada entre os dias 3 e 7 de junho e os sucessivos episódios de constrangimentos também nas ligações ferroviárias.

No Parlamento, o debate começou com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, a agradecer a realização do debate e a pedir desculpas às pessoas que têm sido afetadas pelos atrasos e supressões nos diversos serviços de transportes públicos, sobretudo a CP, mas também aos que entre os dias 10 e 30 de maio sofreram com as paralisações dos trabalhadores da Soflusa/Transtejo – a greve dos revisores, trabalhadores de bilheteiras e outros funcionários da CP entre os dias 20 e 21 de maio acabou suspendida.

O ministro avançou também que o Governo está a trabalhar num plano para recuperar a CP – Comboios de Portugal para níveis que o povo “legitimamente exige”.

Para o Bloco de Esquerda, que requereu a realização do plenário desta manhã, na voz do deputado Heitor de Sousa, o atual cenário “agravou para uma dimensão que não se pode ignorar”, sobretudo na soflusa. O que Pedro Nuno Santos acabou por reconhecer, admitindo a existência “de problemas de fundo” na generalidade dos transportes.

Ainda dentro do grupo parlamentar bloquista, a deputada Joana Mortágua acusou o Governo de ter permitido que os problemas reconhecidos se aprofundassem e prolongassem no tempo, apesar de o Executivo saber, com a publicação do relatório de contas da Soflusa/Transtejo “que desde 2014 a situação estava complicada”. Joana Mortágua questionou o Governo por que razão os problemas não foram resolvidos e por que motivo é que não foram contratados todos os trabalhadores necessários para resolver os problemas da Soflusa, mas de Pedro Nuno Santos não houve uma resposta objetiva.

Da bancada do Governo, onde se sentava além de Pedro Nuno Santos o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, veio o anúncio de que o Executivo vai investir 50 milhões de euros em 10 barcos para fazerem as travessias nas margens do rio Tejo para Lisboa.

À direita, as bancadas do PSD e CDS-PP criticaram Pedro Nuno Santos por se ter desculpado e, em simultâneo, acusaram o Governo de incapacidade governar e gerir os transportes públicos. Quanto à admissão de culpa, o ministro das Infraestruturas frisou que está a fazer o seu trabalho, o que compreende “ser honesto”.

Retomando a palavra à esquerda, o deputado do PCP, Bruno Dias salientou que “os problemas nos transportes nem começaram agora, nem tem origem no quadro atual”.

“Há falta de trabalhadores em todas as áreas”, prosseguiu, acusando o Governo de ter optado por “impedir a contratação de trabalhadores”, e resumiu: “O problema aqui não é de cativação orçamental, é de decisão orçamental”.

Para Bruno Dias não há qualquer regra orçamental que impeça a contratação de mais trabalhadores para a Soflusa, neste caso particular.

À mesma hora que se realizava o plenário, na Assembleia da República, o gabinete do ministro do Ambiente e da Transição Energética fez saber que o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Gomes Mendes, vai reunir esta sexta-feira, 30 de maio, com os sindicatos dos trabalhadores da Soflusa, “no sentido de se encontrar uma solução definitiva para a suspensão da greve dos mestres da empresa de transporte fluvial”, anunciada para ocorrer entre os dias 3 a 7 de maio.

Após a reunião, na sede da Soflusa/Transtejo, situada no Terminal Fluvial do Cais do Sodré, em Lisboa, o governante apresentará as conclusões pelas 15h00.

No Parlamento, o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, disse hoje que a questão da Soflusa já não se encerra na necessidade de pessoal, sendo agora reivindicada também “uma remuneração salarial extraordinária”.

Desde o dia 10 de maio que as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa têm registado várias perturbações devido à falta de mestres, situação que se mantém. O cenário piorou com a paralisação parcial de dois dias, que ocorreu no final da semana passada, e com a greve às horas extraordinárias, que se iniciou no dia 23 de maio e se deve prolongar até ao final do ano.
Os mestres e sindicatos responsabilizam a Soflusa pela falta de contratação de novos profissionais.

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