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Ministro israelita dos Negócios Estrangeiros visita os Emirados

A viagem de Yair Lapid, marcada para a próxima semana, será a primeira visita oficial de um membro de um governo israelita a Abu Dhabi e ao Dubai e surge na sequência da assinatura dos acordos de normalização de setembro de 2020.
21 Junho 2021, 17h50

O novo ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel irá aos Emirados Árabes Unidos na próxima semana para a primeira visita de um diplomata israelita àquele país do Golfo Pérsico. Yair Lapid disse esta segunda-feira que visitará os Emirados Árabes Unidos de 29 a 30 de junho, e vai inaugurar uma embaixada israelita em Abu Dhabi e um consulado no Dubai.

A visita do ministro surge depois de os dois países terem normalizado as relações diplomáticas no ano passado através da assinatura em um acordo (o Acordo de Abraão) intermediado pelo governo do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Recorde-se que acordos semelhantes foram assinados com o Bahrein, o Sudão, o Kosovo e Marrocos – mas as relações com este último país voltaram a toldar-se depois de a monarquia africana ter permanecido publicamente como apoiante do Hammas durante o recente conflito na Faixa de Gaza.

O anterior primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, chegou a ter viagem marcada para os Emirados Árabes Unidos mas nunca a realizou – não só porque a Jordânia, ao impedir Israel de usar o seu espaço aéreo, a sabotou, mas também porque o governo dos Emirados considerou que a viagem estava a ser usada para fins eleitoralistas. Netanyahu tentou viajar por quatro vezes, mas nunca conseguiu embarcar.

Yair Lapid está entretanto, segundo a imprensa do país, a trabalhar para restaurar a estatura e influência do seu Ministério após anos de subfinanciamento durante o mandato de Netanyahu. “Nos últimos anos, Israel negligenciou vergonhosamente o seu serviço estrangeiro e a arena internacional”, disse Lapid à equipa do Ministério dos Negócios Estrangeiros no início desta semana.

De facto, uma das práticas recorrentes de Netanyahu ao longo dos anos foi proceder como se ele próprio fosse o ministro da pasta, acabando por esvaziar o Ministério e retirar-lhe prestígio. Pior ainda, retirou-lhe também influência – tendo os parceiros internacionais interiorizado que em Israel a única fonte a ouvir era o próprio Netanyahu.

Lapid, que será primeiro-ministro em 2023 em regime de rotatividade, tem à sua frente um longo percurso que por certo o levará a visitar as principais capitais do mundo, onde o protagonismo de Israel está consideravelmente delapidado. Bruxelas é uma delas: a União Europeia tem sido, nos últimos anos, muito crítica da atuação dos sucessivos governos de Netanyahu, nomeadamente no que tem a ver com a sua política ‘do facto consumado’ na Cisjordânia – área pertencente aos palestinianos mas que tem sido recorrentemente ocupada por Israel. Aliás, recorde-se, o atual primeiro-ministro – que com certeza será o próximo ministro dos Negócios Estrangeiros – Naftali Bennette, é publicamente favorável a essa opção.

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