A viatura privada não é o problema, mas sim a forma como a consumimos.

Adicionalmente, a restante infraestrutura urbana continua sob elevada pressão devido à contínua urbanização e consequente desafio demográfico, com soluções que maioritariamente implicam um significativo esforço de financiamento.

Modelos de negócio inovadores estão a ser lançados, sendo data a peça chave que permite soluções de oferta ao nível de cidade (e.g. Streetline), veículo (e.g. Fleetsmart), viagem (e.g. Uber), e indivíduo (e.g. Metromile).

A agregação de data ao longo destes quatro níveis de oferta irá permitir um verdadeiro ecossistema de mobilidade, num contexto em que o sentimento do consumidor em relação ao carro se alterou radicalmente (já refletido na redução de inscrições para carta de condução).

Atualmente estamos num patamar que podemos designar por mobilidade 1.0 muito baseada no car-sharing e ride-hailing, e a iniciar um patamar de mobilidade 2.0 de integração multimodal e de modelos de negócio, através de crescente especialização, ofertas nicho e foco na experiência do consumidor.

Os próximos tempos serão definidos, em grande medida, por duas forças principais.

Por um lado, a propriedade fracionada irá definir como o valor é distribuído no ecossistema, com benefícios para consumidores (e.g. maior acessibilidade, simplificação da experiência de propriedade, geração de rendimento via utilização conjunta) e para operadores (e.g. receita contínua, aumento de receita com maior utilização e receita por carro).

Por outro lado, o acesso a talento e ideias – num mundo onde a maioria dos adultos entre 18 e 34 anos quer trabalhar para uma start-up ou lançar o seu próprio negócio – vai ser outra força principal, com muitas das ferramentas necessárias para endereçar inovação em mobilidade fora dos players tradicionais.

Um futuro patamar de mobilidade 3.0 passará por modelos de propriedade fracionada, veículos autónomos e integração blockchain através de aproveitamento de tecnologia disruptiva, do veículo como uma plataforma e de plataformas de serviços integrados.

Neste patamar mobilidade será entregue as-a-service, combinando condução autónoma, veículos partilhados e transporte público de modo a oferecer um serviço crescentemente door-to-door e on-demand de forma ecológica, barata e flexível. Operadores privados e públicos têm de preparar o futuro que está a acontecer e não esperar por ele.