[weglot_switcher]

Moçambique: depois da tempestade da campanha, a bonança das eleições

Contra as expetativas, o ato eleitoral de ontem decorreu sem incidentes de maior e sem que se registassem grandes tentativas de fraude. Os observadores da União Europeia parecem dar-se por satisfeitos. Os resultados demorarão alguns dias a serem conhecidos.
16 Outubro 2019, 07h45

Depois de várias semanas de campanha que decorreram sob o signo da violência – com o governo de Maputo a avançar com 19 mortes, número contestado pelo Centro de Integridade Pública (CIP), ONG moçambicana que avança com 44 óbitos, 271 feridos e 59 prisões – as eleições de ontem, terça-feira, decorreram sem que tivesse ocorrido qualquer desacato de maior.

O homicídio de um dirigente de observação eleitoral, Anastácio Matavel, em Xai-Xai, Gaza (Sul do país), no dia 7 de outubro, baleado por polícias, foi o momento que gerou mais reações de repúdio em toda a campanha – do Governo a de várias representações diplomáticas.

Mesmo assim, ontem registaram-se algumas situações de conflito, mas, segundo as notícias que chegam de Moçambique, deram-se mais devido a problemas acontecidos nas longas filas de espera que se acumularam junto a algumas mesas de voto, que propriamente por causa de qualquer confronto político.

Os observadores indicam que, as coisas correram bem melhor que o esperado, depois de ao longo da segunda-feira passada a polícia ter dito que interviria para separar qualquer ajuntamento que se formasse nas imediações das mesas de voto e os partidos da oposição a clamarem que nenhum ajuntamento é, só por si, ilegal.

De qualquer modo, e ainda segundo o CIP, terão ocorrido pelo menos dez tentativas de fraude com o recurso a boletins de voto previamente preenchidos – todos a favor da Frelimo, partido que está no poder desde 1975, ano da independência, e do seu candidato presidencial, Felipe Nyusi, o atual presidente, que se recandidata.

O grupo de observadores da União Europeia, que acompanhou as eleições, já disse que não detetou qualquer tentativa séria de subverter os resultados das eleições, o que de algum modo, e para já, retira a possibilidade de os partidos da oposição ou algum dos outros três candidatos que correm contra a Frelimo aleguem não aceitarem os resultados. Esse ‘fantasma’ foi levantado pela Renamo, o maior partido da oposição, que afirmou que só aceitaria os resultados se não houvesse a mais pequena evidência da existência de qualquer tentativa de fraude.

As sextas eleições gerais de Moçambique contam com quatro candidatos presidenciais e 26 partidos a concorrer emàs legislativas e provinciais, sendo que só os três partidos com assento parlamentar no país (Frelimo, Renamo e MDM) concorreram em todos os círculos eleitorais.

Em termos da presidência, e para além de Filipe Nyusi, concorreram ainda Ossufo Momade (Renamo), Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM); e Mário Albino, do partido extraparlamentar Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI).

A Frelimo continua a ser dada como a mais que provável vencedora das eleições, tanto para a presidência como para o Parlamento, mas os resultados oficiais só serão conhecidos, na melhor das hipóteses, no final da semana.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.