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Moody’s diz que atraso no 5G em Portugal pode ser positivo para operadoras

Agência de rating analisou impacto da pandemia da Covid-19 na setor europeu das telecomunicações e concluiu que um atraso na implementação do 5G em Portgual pode beneficiar operadoras. Mas a conclusão principal é que as receitas das telecoms caem à medida que os efeitos socioeconómicos do novo coronavírus aumentam.
2 Abril 2020, 16h08

Devido aos efeitos económicos e financeiros gerados pela pandemia da Covid-19, as empresas de telecomunicações vão adiar investimentos em áreas que não são criticas para se concentrarem na manutenção necessária das suas redes principais, a fim de garantir as comunicações, de acordo com uma análise da Moody’s à indústria telco na Europa, divulgada esta quinta-feira. “Os projetos de expansão [de rede], incluindo aqueles relacionados com o 5G serão temporariamente adiados”, aponta a agência, o que no caso do mercado português poderá beneficiar as operadoras nacionais.

“Em Portugal, Espanha, Bélgica, Áustria e França, os leilões das faixas do 5G foram adiados e decisões semelhantes podem ser tomadas no Reino Unido e na Holanda. Estes atrasos permitirão às operadoras economizar dinheiro no curto prazo, mas também vai adiar a implementação do 5G na Europa, que já está atrasada em outras regiões. Ao mesmo tempo, esses atrasos serão positivos em alguns mercados, como Portugal e Bélgica, onde os reguladores reservaram parte do espetro para venda a novos entrantes [operadoras] e, por isso, a posição dos participantes existentes será mantida e a potencial perda de quota de mercado devido aos novos entrantes será adiada”, lê-se no documento da Moody’s enviado à redação.

A esta conclusão a agência de notação financeira norte-americana acrescenta quatro outras, sendo a perda de receita para as operadoras europeias a principal conclusão. Isto é, a atividade das operadoras de telcomunicações europeias pode não estar “diretamente exposta” ao surto epidemiológico como outros setores (caso da aviação, por exemplo), mas o setor “não é imune” às consequências económicas geradas pela pandemia da Covid-19.

“Embora o tráfego nas comunicações cresça exponencialmente em dados e na voz móvel, os planos tarifários fixos existentes significam que não se verificará um aumento na receita”, salienta a Moody’s. É que a evolução do produto interno bruto (PIB) de um país está correlacionado com a evolução das receitas de telecomunicações e, havendo a previsão de recuos no PIB nos Estados da União Europeia, também as receitas em telecomunicações deverão cair.

A Moody’s prevê que a receita das telecomunicações diminua “uma percentagem de um dígito em 2020”.

Ainda assim, a Moddys esclarece: “Não esperamos que as operadoras de telecomunicações europeias enfrentem problemas de liquidez. O setor em geral tem um bom planeamento de liquidez alternativo e perfis de vencimento de dívida estendidos”.

Mas o setor dever-se-á preparar para o aumento de dívidas dos consumidores nos consumos das comunicações. “Os serviços de telecomunicações tornaram-se tão essenciais que não serão uma das primeiras coisas que os consumidores vão cortar para poupar dinheiro”, diz a agência financeira, que prevê assistir a um aumento de dívidas por cobrar em “mais de 1,5% da receita [das telecomunicações]”.

A Moody’s também observou a resiliência das redes das telecoms europeias face ao aumento do consumo das telecomunicações e concluiu: “As redes estão a lidar bem com o um pico sem precedentes no tráfego, embora existam diferenças entre os países, visto que nem todos alcançaram o mesmo nível de penetração da fibra [ótica]”.

Neste ponto um sinal positivo para a Moody’s é que os governos europeus “demonstraram apoio ao setor“, o que trará alterações positivas à relação entre regulador e operadoras. “Esperamos um ambiente regulatório muito mais benigno e favorável após a crise, à medida que reguladores e governos refletem ainda mais sobre a importância de apoiar redes de alta qualidade”, refere a agência norte-americana.

 

 

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