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Moody’s: Perspetivas estáveis para os bancos da zona euro e do Reino Unido

A qualidade do crédito está a melhorar gradualmente apoiada pela recuperação económica, mas deficiências estruturais e o capital limitado nos bancos com elevados níveis de empréstimos improdutivos (NPLs) estão a dificultar a redução do legado de crédito malparado, diz a Moody´s.
14 Dezembro 2017, 13h26

A agência Moody´s no seu Global Credit Research de dezembro, escreve que na sua perspectiva os bancos da zona euro mantêm um crescimento estável. Assim como os do Reino Unido.

“A perspectiva para os bancos da área do euro é estável, uma vez que o crescimento económico constante sustenta a sua força financeira”, considera a agência de notação, diz a Moody’s Investors Service num relatório publicado hoje. A agência realça que se trata de uma análise para os mercados e não constitui uma notação de rating.

A perspectiva para os bancos do Reino Unido também é estável à medida que caem os custos que os bancos ingleses suportam com falhas de conduta no passado, aumentam os ganhos e isso ajuda a compensar uma modesta deterioração na qualidade dos ativos, avança a agência.

“Uma recuperação económica cíclica, extensível a toda a área do euro, irá apoiar os bancos”, disse Carola Schuler, diretora-geral da Moody’s. “Os bons níveis de capital, um positivo contexto de financiamento e uma forte liquidez promoverão resiliência aos choques”, diz.

Na sua análise à banca da zona euro, a Moody´s a agência diz que o progresso na redução de grandes stocks de empréstimos improdutivos varia de país para país.

A Moody´s diz que a zona euro está a lidar com um legado de malparado de várias formas, desde “resoluções de sucesso, ou estratégias de venda de carteiras de NPL [crédito malparado]”. E cita como exemplo os bancos em Itália, Espanha ou Portugal “que mostraram a necessidade de constituir provisões para crédito suficientemente elevadas para mostraram a necessidade de reservas de perda de empréstimos suficientemente elevadas para suportar o longo legado de malparado. Isso é caro e requer rácios de capital confortáveis ou capacidade de levantar capital no mercado”.

A qualidade do crédito está a melhorar gradualmente apoiada pela recuperação económica, mas deficiências estruturais e o capital limitado nos bancos com elevados níveis de empréstimos improdutivos (NPL) estão a dificultar a redução do legado de crédito malparado. “As autoridades da União Europeia intensificaram esforços para resolver o problema do malparado dos bancos, no entanto, soluções que mostrem resultados sustentáveis ​​permanecem evasivas”, diz a Moody´s.

Para os bancos na área do euro, a rentabilidade permanecerá estável à medida que o crescimento do crédito acelerar em toda a região, este aumento do crédito concedido  ajudará a compensar a pressão sobre as margens financeiras dos bancos fruto de uma prolongada conjuntura de baixas taxas de juros, de um continuado repricing dos ativos bancários e da competição intensa, constata a agência.

No entanto,  historicamente os lucros continuam fracos. A eficiência dos custos também é fraca. Para responder ao aumento dos custos, os bancos estão à procurar racionalizar as suas operações investindo em digitalização e intensificando o encerramento de agências.

A conjuntura de consolidação bancária é uma tendência de longo prazo na área do euro
e vai continuar, particularmente em países com um sistema bancário muito fragmentado como a Áustria, a Alemanha e a Itália, prevê a Moody’s.

Lidar com a ineficiência de custos e com o aumento da concorrência de novos players  baseados em tecnologia exigirá investimentos pesados ​​e levará tempo, alerta a agência.

No Reino Unido os bancos fortaleceram significativamente seus rácios de solvabilidade através da redução dos ativos ponderados pelo risco, da continua desalavancagem e ainda da geração orgânica de capital. E, embora seja expectável uma ligeira deterioração dos preços dos ativos devido ao Brexit, será uma desvalorização a partir de um forte ponto de partida, diz a Moody´s.

Nos bancos ingleses que sofreram pesadas multas por más práticas no passado, a melhoria da conduta traduz-se numa redução de custos que ajuda a compensar a perda de receita por causa da concorrência feroz e a compensar os custos com a necessidade contínua de investimento em tecnologia digital.

Bancos como o Barclays, UBS e Royal Bank of Scotland Group, entre outros, foram multados em 2014, no total, em cerca de seis mil milhões de dólares – mais de quatro mil milhões de euros – por manipulação da Libor.

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