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Morreu o “Zé das Medalhas” do processo Monte Branco

Francisco Cannas encontrava-se internado por doença grave no Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa. Morreu ontem, quarta-feira.
5 Janeiro 2017, 13h52

Morreu nesta quarta-feira Francisco Cannas, um dos principais arguidos do chamado processo Monte Branco.

Francisco Cannas encontrava-se internado por doença grave no Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa.

Ficou conhecido como “Zé das Medalhas”, por a sua loja de medalhas na Baixa de Lisboa ser o ‘frontoffice’ de um esquema de transporte de dinheiro para contas na Suíça sem dar conhecimento ao Fisco.

Francisco Canas foi detido e ficou em prisão domiciliária até ser libertado em maio de 2013.

O estabelecimento Montenegro & Chaves, era uma casa de câmbio que se implementou após o 25 de Abril de 1974, e acabou por servir de porta de saída de pelo menos 3,4 mil milhões que rumaram à Suíça, segundo notícias da imprensa. Francisco Cannas recebia uma comissão por cada transacção. O esquema terá lesado o Estado em mais de 200 milhões de euros.

Alguns dos clientes de Francisco Cannas eram pessoas muito conhecidas do panorama nacional, o que mais se destacou foi Duarte Lima.

Entre 2006 e 2012, advogados, políticos e empresários, usaram o esquema para fugir ao fisco e branquear capitais. O dinheiro dava a volta ao mundo numa viagem pela banca entre Portugal, Suíça, Cabo Verde e de novo Portugal.

Era Michel Canals, sócio da Akoya, na Suíça, uma sociedade de gestão de fortunas, que recebia o dinheiro dos clientes portugueses. Enviava-o depois para os seus sócios na empresa suíça que o depositava em bancos de Genebra e Zurique. Daí, as somas eram transferidas para uma conta do BPN IFI, em Cabo Verde, operado a partir de agências em Portugal.

Ou seja, Francisco Canas funcionava como intermediário para o negócio de Michel Canals e era por essa loja da baixa que passavam todos os clientes do gestor suíço, que entregavam o dinheiro a Francisco Canas que depois o depositava em contas em seu nome no BPN de Portugal e de Cabo Verde.

No passo final, o mesmo dinheiro era transferido para contas no BCP, em Portugal, regressando aos clientes de Canals.

Em alguns casos os clientes levantavam o dinheiro na loja.

Entre os clientes da Akoya estava Ricardo Salgado porque tinha ido atrás do seu gestor de fortunas da UBS Nicolas Figueiredo, também administrador da Akoya. O ex-presidente do BES foi ouvido no final de 2012 no DCIAP no âmbito deste processo. Na altura, a PGR disse que Ricardo Salgado não era suspeito e que não havia indícios para lhe imputar a prática de ilícito fiscal.

No âmbito do processo Homeland (relacionado com obtenção de crédito ao antigo BPN para aquisição de terrenos em Oeiras), em que Duarte Lima foi condenado, Francisco Canas foi condenado a três anos de prisão, pela prática de um crime de branqueamento de capitais, menos um ano do que os quatro de pena de prisão efectiva a que fora condenado em primeira instância, em 2014.

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