O comissário europeu para Assuntos Económicos e Financeiros, Tributação e Alfândega, Pierre Moscovici, disse estar disposto a dialogar com a Itália sobre o orçamento do Estado daquele país, para 2019, mas recusou falar em compromisso com Roma e insistiu que as regras europeias devem ser respeitadas.
“Estou preocupado com a palavra compromisso”, afirmou Pierre Moscovici, em conferênciad de imprensa após a divulgação das previsões económicas e financeiras da Comissão Europeia para 2019.
Pela a avaliação da Comissão Europeia, a economia italiana deverá acelerar moderadamente a partir deste ano, embora a incerteza política no que respeita a reformas estruturais em Roma e em matéria de orçamento possam evidenciar um mau presságio.
Pierre Moscovici disse que a Comissão Europeia tem sido flexível e que continuará a sê-lo na aplicação das regras fiscais europeias. Contudo, espera que Itália não desrespeite as normas europeias.
“Não pode haver negociação nessa matéria”, afirmou.
As previsões europeias
Depois de a economia italiana ter crescido 1,6% no ano passado, Bruxelas prevê que o ritmo de expansão abrande para 1,1% este ano, para voltar a acelerar no próximo anoe no seguinte, para 1,2% e 1,3%, respetivamente, sustentada sobretudo pelo aumento do investimento resultante de incentivos fiscais e pelas “ainda favoráveis” condições de financiamento, apesar das turbulências dos mercados.
Segundo as previsões da Comissão Europeia divulgadas esta quinta-feira, em Bruxelas, a incerteza das políticas governamentais e o planeado recuo das reformas estruturais são um “mau presságio” para o emprego e para o crescimento potencial de Itália.
Bruxelas sublinha que o aumento do défice associado a taxas de juro mais altas e riscos “substanciais e negativos”, incluindo incerteza quanto às políticas do Governo, coloca em risco a redução do elevado rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB).
Para o rácio da dívida pública face ao PIB, Bruxelas prevê que este atinja 131,1% este ano, desça para 131% em 2019 e volte a subir para 131,1% em 2020.
O défice orçamental deverá agravar-se de 1,9% do PIB, este ano, para 2,9% em 2019 e 3,1% em 2020.
No que diz respeito à taxa de desemprego, a Comissão Europeia prevê que esta desça de 10,7% este ano para 10,4% em 2019 e 10% em 2020, depois de se ter cifrado em 11,2% em 2017.
Em relação à taxa de inflação de Itália, Bruxelas prevê que esta acelere ligeiramente, ao passar de 1,3% este ano para 1,5% em 2019 e 1,4% em 2020, em linha com os preços mais elevados da energia.
[com Lusa]
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