Ricardo Mourinho Félix tem sido dos membros do Governo mais otimistas em relação ao rating de Portugal, nos últimos meses, e é esse o tema que vai esta semana a Washington discutir. Depois de ter dito esperar que a aprovação do Orçamento do Estado e a venda do Novo Banco conduzam as duas agências de notação que faltam a tirar Portugal do ‘lixo’, o secretário de Estado Adjunto das Finanças poderá, esta semana, preparar terreno para a mudança.
Durante os encontros anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, o secretário de Estado vai aproveitar a ocasião para se encontrar com agências de rating, investidores e bancos. Mourinho Félix referiu, há duas semanas, estar confiante que as agências de notação Moody’s e Fitch vão seguir a decisão da Standard and Poor’s, passando Portugal para grau de investimento, nos próximos meses.
“Penso que, uma vez aprovado o Orçamento e concluída a venda do Novo Banco, acho que há condições para a Moody’s e a Fitch seguirem a S&P”, disse Mourinho Félix, em entrevista à Reuters. Para o secretário de Estado “quer a Moody’s, quer a Fitch, estão à espera de ver o que acontece nos próximos dois meses em Portugal” – quais as metas do Orçamento de 2018 que será apresentado ao Parlamento e confirmar a venda do ‘good bank’ Novo Banco”.
A S&P foi a primeira das três agências a colocar o país de novo em grau de investimento, realçando a melhoria da economia e das finanças públicas, ao subir o ‘rating’ para BBB-, o menor grau de investimento, com perspectiva estável, contra BB+ antes, com perspectiva estável. Em setembro, a Moody’s melhorou a perspectiva de Portugal para positiva, de estável, mas manteve o rating em nível especulativo Ba1. A Fitch deverá divulgar a próxima avaliação a 15 de dezembro e a Moody’s no início de 2018.
Crescimento, desigualdade e instabilidade política na agenda
Os ministros das Finanças das 20 economias mais desenvolvidas do mundo, o G20, vão reunir-se na quinta-feira com os governadores dos bancos centrais. Juntos, representam cerca de 80% da produção mundial, o que significa que os sentimentos do grupo sobre o crescimento económico são especialmente importantes. Tal como tem sido hábito nos últimos discursos e relatórios, a diretora do FMI, Christine Lagarde, deverá focar os comentários sobre o encontro na recuperação económica coordenada do grupo.
Um dos avisos que o FMI tem reiterado prende-se com a desigualdade. As melhorias são generalizadas, mas a instituição tem instado os países a tomarem partido das circunstâncias para adotar medidas que promovam inclusão. Os dados do fundo mostram que a desigualdade de rendimentos tem diminuído nos países desenvolvidos na última década, mas a desigualdade na riqueza tem aumentado, um dos temas destacados nos discursos.
Numa altura de crescimento e expansão, a resistência da inflação nos países desenvolvidos tem sido um tema quente. Apesar disso, uma série de bancos centrais, incluindo o Banco Central Europeu e a Reserva Federal norte-americana, têm tomado o caminho pela normalização da política monetária. Por isso, outro tema que estará na ordem do dia será o calendário de abandono das taxas de juro baixas e rumo das políticas monetárias dos principais bancos centrais.
Com o clima quente na Catalunha e o início da quinta ronda de negociações do Brexit, a instabilidade política na Europa será outra questão incontornável nos encontros entre FMI e Banco Mundial. Apesar de o problema em Espanha ou o Brexit não estarem na agenda, a estabilidade financeira da zona euro está, o que significa que os líderes deverão discutir possíveis riscos para o bloco.
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