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Movimento que defende afetados pelo fogo move ação popular contra o Estado

A associação continua e diz que “os incêndios de outubro, tal como os de Junho, só tiveram tais dimensões porque os montantes destinados pelo Governo para a prevenção de incêndios florestais são muito insuficiente”.
2 Julho 2019, 13h14

A associação ‘Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões’ (MAAVIM) colocou uma ação popular contra o Estado português devido à não resolução de assuntos relacionados com o incêndio de outubro de 2017.

“Os incêndios de outubro de 2017 foram os maiores incêndios de que há memória em Portugal: morreram 50 pessoas e 70 ficaram feridas, foram destruídas mais de 1500 casas de primeira habitação, ficaram afetadas mais de 500 empresas e 4500 postos de trabalho e ardeu uma área de floresta superior a 250 000 campos de futebol”, começa por defender o movimento de defesa.

Com assuntos ainda por resolver, as seguradoras avaliaram os prejuízos materiais em mais de mil milhões de euros, e por essa razão, a MAAVIM vem agora defender os dois mil associados que perderam os respetivos bens materiais.

Os responsáveis sublinham que não se tratou de um acontecimento “fortuito e imprevisível”, sendo que estavam disponíveis elementos de análise que permitiam “a previsão de incêndios” para esse fim de semana, existindo ainda a “possibilidade de um combate eficaz”.

“O combate urgente às chamas exigia a reunião de muitos meios e o seu pré-posicionamento no terreno”, no entanto, “sucede que os meios de combate a incêndios diminuíram precisamente nesse fim de semana” por se encontrarem na fase Delta.

A MAAVIM culpa o Governo por não alterar “o calendário fixado para a desmobilização dos meios de combate aos fogos”, quando se tratou de um verão seco e de um “outubro excepcionalmente quente e seco”. A associação garante ainda que os responsáveis governamentais recusaram “todos os pedidos de reforço de meios que a proteção civil lhe dirigiu nas semanas anteriores ao incêndio”.

“A catástrofe foi por isso o que se esperava e só terminou com as chuvas de dia 17. Morreram 50 pessoas, e os relatórios técnicos dizem que podiam ter morrido muitas mais”, sublinha o comunicado.

A associação continua e diz que “os incêndios de outubro, tal como os de junho, só tiveram tais dimensões porque os montantes destinados pelo Governo para a prevenção de incêndios florestais são muito insuficiente e foram deslocados para as zonas do país com menor risco de incêndio, como o Alentejo, em prejuízo da zona centro, que recebeu quase nada”.

A MAAVIM sublinhou ainda o facto de o Governo não ter feito nada para prevenir os incêndios na sua propriedade, o Pinhal de Leiria, acusando ainda que ter falhado no combate e de ter deixado “as populações abandonadas a si próprias”. “Respondeu com programas burocráticos e mal concebidos, que deixaram as vítimas à mercê da solidariedade alheia, que felizmente não faltou, ao contrário dos apoios públicos”, sublinhou.

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