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Mulheres lideram 32 câmaras em Portugal, um número recorde, mas que representa só 10% das autarquias

Nas eleições autárquicas de 2017, registou-se um número recorde de mulheres a candidatarem-se a câmaras municipais e 32 delas conseguiram ser eleitas para liderar executivos locais.
  • Pedro Nunes/Reuters
8 Março 2018, 12h13

A desigualdade de género no poder local é ainda um problema que está longe de estar ultrapassado, mas nos últimos anos foram feitos avanços significativos no nosso país. Nas eleições autárquicas de 2017, registou-se um número recorde de mulheres a candidatarem-se a câmaras municipais e 32 delas conseguiram ser eleitas para liderar executivos locais. Mesmo assim, representam apenas 10,3% dos municípios portugueses.

Luísa Salgueiro, deputada do Partido Socialista (PS), candidatou-se pela primeira vez à Câmara Municipal de Matosinhos o ano passado. Até então, nunca nenhuma mulher se tinha chegado à frente para disputar a liderança do município e Luísa Salgueiro, não só o fez, como conseguiu o maior número de votos. Ao todo, conseguiu ser eleita com 36,36% dos votos, o que corresponde a mais de 29 mil votos num universo de quase 80 mil eleitores.

“A minha eleição em Outubro para a presidência da câmara não deve ser vista de um modo maniqueísta, mas como uma consequência natural da crescente capacidade de afirmação das mulheres no mundo do trabalho e no mundo da política”, afirma Luísa Salgueiro, ao Jornal Económico.

A presidente da Câmara de Matosinhos acredita que a autarquia é “do ponto de vista da desigualdade de género, um caso bastante especial”. A esmagadora maioria dos lugares de chefia da autarquia são ocupados por mulheres, desde há alguns anos e a assembleia municipal é já há alguns anos presidida também por uma mulher; uma tendência que se manteve depois das autárquicas de 2017.

“O facto de Matosinhos ter uma presidente da câmara e uma presidente da assembleia municipal não é resultado de qualquer tipo de discriminação positiva, mas da nossa disponibilidade para intervir civicamente e da nossa capacidade de trabalho”, ressalva.

Também a autarquia da Amadora reelegeu nas últimas dois eleições autárquicas uma mulher para liderar o executivo local. Carla Tavares, conta ao Jornal Económico que nunca se sentiu tratada de forma diferente, mas reconhece que esse é um preconceito ainda bastante presente na sociedade portuguesa.

“Aqui [no concelho da Amadora] não sinto que haja discriminação em função de ser mulher. Talvez por se tratar de um concelho grande e urbano, não sinto esse tipo de discriminação”, afirma Carla Tavares, que foi reeleita para um novo mandato de quatro anos o ano passado.

Dedicada à política desde muito jovem, a presidente da Câmara Municipal da Amadora acredita que a participação ativa das mulheres na vida política vem tornar a atividade ainda mais enriquecedora. “Acho que as mulheres vêm complementar o trabalho dos homens e vice-versa. Juntos formamos uma equipa mais coesa e este equilíbrio vai-nos permitir representar melhor a sociedade, que é composta tanto por homens como por mulheres”, afirma.

Nas eleições autárquicas de 2013, foram eleitas 23 mulheres para as 308 Câmaras de norte a sul do país, tendo o número subido para 25. Comparando as mulheres eleitas o ano passado com as de 2013, subiram à liderança do poder local mais 9 mulheres. O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha afirmado que uma maior participação das mulheres na política é “fundamental para o país”, para garantir a representatividade da sociedade portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa destaca-lhes a postura de “um poder-missão” e o seu “sentido não possessivo”.

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