A Comissão Europeia (CE) disse estar “preocupada” com o plano da FIFA de organizar o Mundial de futebol a cada dois anos, ao invés do presente modelo de quatro em quatro anos. A intervenção da CE acontece num momento em que o organismo que rege o futebol mundial realiza um estudo de viabilidade para avaliar o provável impacto que poderá ter a alteração do formato do campeonato do mundo.
Margaritis Schinas, vice-presidente da Comissão Europeia, afirmou esta quinta-feira que partilha “plenamente as dúvidas das federações nacionais de futebol europeias” sobre a possibilidade de um Mundial de dois em dois anos.
“A Europa é o epicentro mundial do futebol e temos o dever de preservar um modelo que respeite o interesse dos adeptos, o bem-estar dos jogadores e a lógica geral do calendário desportivo global, não apenas os interesses comerciais”, acrescentou Schinas. A FIFA ainda não reagiu a estas declarações da vice-presidente da CE.
O plano da FIFA, inicialmente proposto pela Arábia Saudita e amplamente apoiado pelo ex-técnico do Arsenal, Arsène Wenger, tem o apoio de federações nacionais da África e da Ásia. No entanto, e de acordo com um estudo encomendado pela FIFA, revelado na semana passada, os fãs de futebol continuam a apoiar o ciclo de quatro anos do Mundial, com as confederações continentais em sintonia.
Num comunicado divulgado esta semana, o órgão que rege o futebol europeu, a UEFA, realçou que tem “sérias preocupações” sobre o plano da FIFA, e que isso representa “perigos reais” para o futebol, incluindo a desvalorização do campeonato do mundo, podendo potencialmente prejudicar jogadores e ter um impacto negativo em torneios femininos.
A intervenção da vice-presidente da CE também deverá ter o apoio de legisladores europeus, que debatem atualmente um relatório de iniciativa sobre a política desportiva da UE. De acordo com uma alteração ao relatório do Parlamento, apresentada por legisladores de todos os grupos políticos, a comissão da cultura vai votar no final de outubro no sentido de apelar às organizações desportivas que “respeitem a frequência estabelecida dos torneios desportivos internacionais, especialmente os Europeus e Mundiais”.
Tomasz Frankowski, co-presidente da comissão dedicada aos temas do desporto no Parlamento e ex-jogador de futebol profissional, realçou: “Como ex-jogador de futebol, temo que haja um sério risco para a saúde dos jogadores que serão forçados a participar em competições de alta intensidade todos os anos, em vez de intervalos de recuperação mais longos em anos alternados”.
“Esses planos levariam à erosão de oportunidades desportivas para as seleções nacionais mais fracas, substituindo as partidas regulares por fases finais”, acrescentou.
No início deste mês, a poderosa confederação sul-americana de futebol manifestou-se contra o plano de realizar o Mundial a cada dois anos, e o presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, referiu que os países europeus poderiam boicotar o evento, o que o deixaria efetivamente “morto”.
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