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Mundo de olhos na OPA à EDP. Quem é a China Three Gorges, o acionista que quer toda a elétrica?

O Jornal Económico faz o balanço do investimento da China Three Gorges na EDP, lembra quem são os outros acionistas e quais as condições da Oferta Pública de Aquisição que, este domingo, é foco de atenção da agência de notícias Reuters.
  • António Cotrim/Lusa
13 Maio 2018, 19h23

A China Three Gorges, empresa pública que construiu e gere o projeto hidroelétrico das Três Gargantas, pagou 2.690 milhões de euros por 21,35% da EDP, em 2012. A CTG, fundada em 1993, está entre as maiores empresas do mundo, com ativos de valor superior a 290 mil milhões de yuans (cerca de 40 mil milhões de euros).

O Estado chinês ficou assim com uma posição estratégica no sector energético português. Na época, os chineses tiveram dificuldade em aceitar que o Governo português aplicasse uma taxa sobre o sector energético, prevista no Orçamento do Estado para 2014 e enquadrada nos compromissos de Portugal com a ‘troika’.

Em outubro de 2013, a China Three Gorges escreveu ao então ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, para transmitir um protesto contra a nova taxa. Os chineses alegavam que essa taxa violava os compromissos anteriormente assumidos – ao mais alto nível – pelo Governo português. E exigiam que a normalidade fosse mantida, de modo a não afetar o valor da EDP e para que a cooperação entre os dois países se pudesse manter. Por outras palavras, a China Three Gorges pagara um valor superior, pela EDP, devido às garantias que lhe foram dadas pelo Governo, em relação à manutenção da estabilidade regulatória no sector.

A CTG acabaria por aceitar a medida a contragosto, mas o então presidente da companhia, Cao Guangjing, não escondeu o desagrado quando em Fevereiro de 2014 esteve em Lisboa, tendo confessado que o investimento na EDP, embora positivo, não gerou o retorno esperado, devido ao impacto de crise económica e da taxa extraordinária sobre o sector energético.

Em outubro do ano passado, a China Three Gorges, já sob o comando de Lu Chun, ‘chairman’ da companhia, reforçou a sua posição na elétrica liderada por António Mexia, tendo comprado 1,9% da empresa, num investimento de 208 milhões de euros, elevando a sua participação para 23,3%. E agora lançaram uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital da EDP.

A OPA lançada na sexta-feira envolve a totalidade do capital social da EDP – Energias de Portugal. A compradora, a empresa estatal chinesa, detentora da maior fatia do capital da elétrica, oferece 3,26 euros por cada ação, o que representa um prémio de 4,82% face ao valor de mercado.

A chinesa também lançou uma OPA à subsidiária EDP Renováveis, mas o preço da oferecido é inferior à cotação de fecho desta sexta-feira: 7,33 euros por ação, contra 7,845 euros no encerramento.

A China Three Gorges detém atualmente 850.777.024 ações da EDP, representativas de 23,27% do capital social da empresa presidida por António Mexia.

Entre os restantes acionistas figura a também chinesa CNIC, com uma participação de 4,98%, a Capital Research and Management Company, consultora de investimentos sediada nos Estados Unidos (12%), a espanhola Oppidum Capital (7,19%), a sociedade gestora de investimentos americana BlackRock (5%), a Senfora SARL, detida pelo Governo de Abu Dhabi (4,06%), a sociedade gestora do Fundo de Pensões do Grupo Millennium BCP e a Fundação Millennium BCP (em conjunto detém 2,44%) e a Sonatrach, extratora de petróleo da Argélia (2,38%). Compõem ainda a estrutura acionista a Qatar Holding LLC, com 2,27%, o Norges Bank, com 2,75%, e a própria EDP, com 0,6% do seu capital (através de ações próprias).

Um terço do capital da EDP (33,06%) está nas mãos dos restantes acionistas.

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