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“Música no Feminino”: roteiro de viagem feito de sons

De 23 a 28 de janeiro, o palco do Grande Auditório da Gulbenkian recebe vozes femininas de várias geografias. O ciclo “Música no Feminino” leva-nos a viajar pelo canto mandinga e tradicional persa, passa pelo fado e cruza-se com a clássica e a experimental. Há todo um mundo à sua espera.
22 Janeiro 2019, 15h57

Poderíamos começar por tentar imaginar o que seria o mundo sem música, sem essa expressão artística que provoca emoções avassaladoras e que pode ser tida como uma linguagem universal.

À falta de um esperanto, teremos sete concertos protagonizados por mulheres que elevam a música a patamares que confirmam essa mesma universalidade. Qualquer que seja a língua em que cantam. Paradoxal? Não. Já Beethoven dizia que “a música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos.”

Ora, o ciclo temático “Música no Feminino” propõe-nos viajar por geografias tão distintas como o Mali, Irão, Alemanha, China e Portugal. As sonoridades serão igualmente diversas. Da música mandinga de tradição oral ao canto tradicional persa, passando pela música erudita e pelo fado até à música eletrónica. Ponto de encontro: Grande Auditório da Gulbenkian, em Lisboa, entre os dias 23 e 28 de janeiro.

Primeira paragem: Mali (23/01). Noite de música mandinga pela voz rouca e quente de Rokia Traoré, artista que tem vindo a colocar a tónica das suas canções numa participação mais ativa da mulher na sociedade maliana, e que dá novos contornos à tradição oral griot de contar histórias, entrelaçada com canções clássicas que narram a história épica do seu povo.

Segunda paragem: Irão (24/01). Mahsa e Marjan Vahdat revelam o repertório a que têm dedicado os últimos 20 anos da sua vida. Impedidas de atuar a solo no seu país natal, as irmãs Vahdat também chamam a si a missão de lutar pelo reconhecimento do papel da mulher na música e na sociedade iranianas.

Terceira paragem: Portugal (25/01). Neste concerto, a fadista Aldina Duarte faz-se acompanhar por Carlão, ex-vocalista dos Da Weasel, e pelo pianista Filipe Raposo, numa reflexão sobre a mulher e as expetativas em relação ao seu papel social, à sua beleza, juventude e dependência.

Quarta paragem: Alemanha e China (27/01; dois concertos). Encontro entre a violinista alemã Carolin Widmann – eleita “Músico do Ano” nos International Classical Music Awards em 2013, como solista, e a maestrina chinesa Tianyi Lu, que vai dirigir a Orquestra Gulbenkian e cujo reconhecimento internacional segue em crescendo.

Quinta paragem: de Portugal para o mundo (28/01; jornada dupla). A pianista Joana Gama regressa à Gulbenkian Música com um recital dedicado ao compositor catalão Federico Mompu, e um concerto em que a sua linguagem se cruza com a eletrónica de Luís Fernandes, acompanhado por músicos da Orquestra Metropolitana de Lisboa, com o projeto at the still point of the turning world, título que pediram emprestado ao poema “Burnt Norton” de T.S. Eliot.

Roubando não um título, mas uma frase, desta feita de Oscar Wilde, “os amantes de música são completamente insensatos”, deixamos o repto: ceda à insensatez e vá ouvir música!

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