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Mutualista Montepio Geral antevê redução do número de Associados este ano

Os proveitos inerentes a associados, decorrentes das poupanças mutualistas captadas atingiram, até setembro último, o montante de 497 milhões e deverá fixar-se no final do ano em 658 milhões. Em vésperas da saída de Tomás Correia a Mutualista estima uma subida de 25% dos resultados recorrentes, a nível individual.
  • Cristina Bernardo
13 Dezembro 2019, 16h13

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), no Programa de Ação e Orçamento 2020 da AMMG, documento que será votado na assembleia geral de 30 de dezembro, anuncia que a base de Associados atingia 604.681, no final do passado mês de setembro, estimando que se mantenha neste número até final do ano.

As saídas de Associados, até ao final de setembro, totalizaram 27.186, valor que compara favoravelmente com o período homólogo. Mas ainda assim uma redução de 16,1%. “As readmissões e entradas de novos Associados, atingindo 19.260, não foram, suficientes para inverter o decréscimo da base associativa, embora em termos homólogos, o fluxo líquido de Associados seja, a partir de setembro, menos negativo”, diz a Mutualista que tem sido liderada por Tomás Correia que deixa o cargo na próxima segunda-feira dia 15.

“Os proveitos inerentes a associados, decorrentes das poupanças mutualistas captadas (que incluem, jóias, quotas e capitais aplicados) atingiram, até setembro último, o montante de 497 milhões de euros – para o que contribuiu a emissão de 31 séries da modalidade Montepio Capital Certo no montante de 309 milhões de euros – estimando-se que, no final do ano, se venha a atingir um valor global de 658 milhões de euros”, refere o Programa.

O ativo estimado regista um aumento de 1,8%, passando de 3.777 milhões de euros, em 2018, para 3.843 milhões de euros, diz o Programa da Associação dona do Banco Montepio.

A Associação Mutualista estima que os resultados recorrentes da atividade mutualista, isto é, “sem considerar impactos de eventos exógenos, como sejam os provenientes dos testes de adequação das responsabilidades, em função do nível em que estiverem as taxas de mercado no final do ano, ou de valorizações ou desvalorizações de carteiras de imóveis ou de participações financeiras, sejam positivos no final de 2019, em torno de 2 milhões de euros, ligeiramente acima dos resultados do ano anterior , que se situaram em 1,6 milhões de euros”, refere o programa que se refere aqui aos resultados individuais e não consolidados. Isto traduz uma subida de 25%.

“Para a estimativa de resultado líquido no final de 2019, no montante de 2 milhões de euros, deverão concorrer a melhoria das receitas associativas e, consequentemente, dos resultados inerentes a associados, por via da relação, mais favorável, entre a margem associativa e a variação das provisões técnicas, que deverão atingir -14,1 milhões de euros (-21,9 milhões de euros em 2018)”.

Mas também os resultados financeiros estimados de 26,5 milhões de euros, “para o que contribuiu a melhoria do rendimento da carteira de títulos; os custos de atividade estimados em 28 milhões de euros, que representam uma redução face ao valor registado em 2018; os outros resultados de exploração, que incorporam os resultados associados às propriedades de investimento (imóveis de rendimento que incluem residências sénior e de estudantes), no montante estimado de 7,8 milhões de euros, não considerando qualquer valorização dos imóveis (20,3 milhões de euros em 2018)”, lê-se no documento.

Os principais rácios de desempenho deverão atingir, no final do ano, melhorias face aos valores de 2018, no rácio de liquidez, com um valor estimado de 5,3%, face a 4,6%, em 2018, e no rácio de eficiência, que se estima atinja 0,7% (0,8% em 2018), assegura o Montepio.

Em vésperas de saída do líder histórico da Mutualista, a associação diz que nos rácios de solvabilidade e de cobertura das provisões pelos fundos próprios, “os níveis estimados para final deste ano são significativos, de 19,4% e 124,3%, respetivamente, embora estando ligeiramente abaixo dos de 2018, para o que contribui o crescimento da atividade”.

 

O que prevê o Programa para 2020? 

O Programa de Ação que a Associação propõe para 2020 “tem em vista prosseguir a concretização das restantes medidas que estão por implementar no quadro das Linhas de Orientação Estratégica (LOEs) 2019-2021, tal como o Conselho Geral aprovou no passado dia 22 de novembro”.

As orientações definidas têm em vista concretizar a visão de “prosseguir a afirmação do MGAM como a principal entidade mutualista, dinamizadora da economia social em Portugal, aprofundando os vínculos e a relação com os Associados, através de uma oferta abrangente, de modalidades de benefícios de segurança social e saúde e de produtos e serviços das entidades do Grupo Montepio, com uma atuação moderna, empenhada em contribuir para a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar social, com a participação ativa dos seus Associados”.

“Para a construção desta visão mantêm-se os 6 eixos estratégicos de atuação anteriormente definidos”, diz a Mutualista. Um deles é preparar a adaptação aos novos requisitos regulatórios  – “continuará a ser uma prioridade de atuação em 2020 a continuação dos trabalhos de adaptação para o novo regime de supervisão da ASF”.

Para isso a Mutualista vai ter de concretizar as alterações estatutárias aprovadas
pela Assembleia Geral, designadamente: “O processo de eleição da Assembleia de Representantes; vai ter de continuar a participação ativa na Comissão de Acompanhamento, prevista no novo Código Mutualista; estabelecer a articulação com a ASF e desenvolver os trabalhos para implementação dos processos de reporte; desenvolver os trabalhos de preparação do Plano de Transição para o novo regime de supervisão (são 12 anos o período de transição); desenvolver os projetos de levantamento de impactos dos novos requisitos prudenciais e de desenho das adaptações necessárias; concluir o projeto de adaptação à IDD (Insurance Distribution Diretive), de acordo com as especificidades adequadas à natureza da Mutualista; dotar os órgãos que exercem funções de controlo com os recursos e as competências adequadas à operacionalização das respetivas missões, realocando e otimizando recursos, de forma proporcional aos respetivos outputs e responsabilidades; prosseguir a formalização das principais políticas e dos procedimentos internos, assegurando o alinhamento com os requisitos de governo e de controlo interno (prudenciais e comportamentais); elaborar, implementar, divulgar e monitorizar um Código de Conduta – que estabeleça orientações de ética profissional, abrangendo os membros dos órgãos, conforme os novos requisitos regulamentares”.

O segundo eixo estratégico de atuação é prosseguir a racionalização e a otimização das participações e do funcionamento.

Aqui a Mutualista admite estudar possibilidades e oportunidades de desinvestimento em participações consideradas não estratégicas, “numa ótica de desconcentração da carteira”.

Mas também “prosseguir o reforço do alinhamento estratégico das empresas do Grupo Montepio com as finalidades e os valores mutualistas, definindo objetivos de geração de valor e níveis de retorno dos investimentos efetuados, a vigorar nos respetivos planos estratégicos e orçamentos anuais”.

Continuar o trabalho de reforço do controlo do grupo, melhorando a tempestividade e a abrangência dos reportes por parte das empresas” e “otimizar recursos e racionalizar a estrutura de custos operacionais, adaptando-os às possibilidades e dimensão dos proveitos recorrentes”, são dois objetivos para 2020. Para isto a Mutualista prevê criar e operacionalizar um Comité de Custos e Investimentos que analise e proponha medidas de otimização e de alocação dos recursos, considerando as prioridades estratégicas.

“Promover e potenciar poupanças de sinergias no seio do Grupo, através da centralização de funções comuns, de suporte e de staff, garantindo uma gestão centralizada da procura, com a implementação do ACE (Agrupamento Complementar de Empresas) de Serviços Partilhados que responda às necessidades do Grupo Montepio”, defende a administração da Mutualista que vai agora ser liderada por Virgílio Lima, até 2021.

A Associação diz que vai continuar a desenvolver os mecanismos de controlo da execução estratégica, “de forma a garantir a boa execução deste Programa de Ação e das Linhas de Orientação Estratégicas, definindo indicadores de desempenho, em articulação com as unidades orgânicas, controlando regularmente o grau de cumprimento das ações estratégicas e assegurando a implementação de um dashboard global com os principais indicadores de desempenho”.

A Mutualista quer vincular os Associados e aumentar as receitas. O que passa por “prosseguir a captação de Associados, promovendo as readmissões e desenvolvendo iniciativas orientadas à captação de novos; aumentar a retenção e diminuir as saídas de Associados, através do desenvolvimento de modelos que permitam antecipar e caracterizar a perda associativa; aumentar a vinculação dos Associados e a sua participação associativa, mantendo a regularidade das interações com a base associativa, cpotenciando a integração com a oferta de benefícios complementares do MGAM; aumentar as receitas associativas, pela via do reforço do processo de facilitação de reaplicação de montantes em vencimento e pela captação de novas poupanças”.

Outro dos eixos é desenvolver a proposta de valor e a oferta mutualista. Isto inclui “finalizar os trabalhos de revisão do Regulamento de Benefícios, que permitam adequar as características das modalidades mutualistas às condições do contexto e considere novas oportunidades de evolução da oferta de modalidades, e promover a respetiva aprovação e formalização; reformular as condições das modalidades em função do novo Regulamento de Benefícios que vier a ser aprovado; estudar a oferta de novas modalidades mutualistas orientadas para novas finalidades, nomeadamente, modalidades de saúde, modalidades de proteção social e modalidades coletivas de previdência complementar; concluir a reformulação do Programa de Vantagens, através da simplificação da estrutura de descontos e continuação da sua divulgação; promover o desenvolvimento de projetos e investimentos imobiliários orientados para suprir necessidades sociais e/ou em habitação, que permitam obter rendimentos e valorização patrimonial, em benefício dos associados, à medida das possibilidades financeiras e de liquidez, com planificação do financiamento e tendo por base os estudos de viabilidade/ROI; racionalizar os apoios de Responsabilidade Social e desenvolver as Políticas de Sustentabilidade, prosseguindo o apoio à ação da Fundação Montepio, como entidade agregadora da política de responsabilidade social externa, adequando os apoios à capacidade financeira e às condições de geração de valor, e desenvolver a ação do Comité de Sustentabilidade na promoção de políticas de sustentabilidade harmonizadas no seio do Grupo Montepio.

Nos eixos estratégicos destaque ainda para a meta de potenciar e diversificar os canais de relação associativa, o que inclui desenvolver outros canais de distribuição e relação com os Associados, através da estruturação do modelo de relação entre gestor mutualista e o novo canal – Mediadores, de um modelo de capacitação, acompanhamento e dinamização deste canal; e aprofundar oportunidades de parceria com entidades da Economia Social como canais de relação associativa e de dinamização e divulgação do mutualismo.

O sexto eixo estratégico do Programa é “aprofundar a transformação digital do MGAM”.

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