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Na despedida, Centeno agradece a colegas: Foi uma “honra”

Centeno passa a pasta a um ministro de centro-direita, que conquistou a presidência do Eurogrupo, apesar do apoio do eixo franco-alemão a Nadia Calviño. Na despedida do ex-ministro e estreia de João Leão, ficou o agradecimento e a confiança no sucessor.
  • Mário Cruz/Lusa
9 Julho 2020, 21h42

Na hora da despedida, foi pela voz do ministro das Finanças de Malta que durante a vídeo-conferência que Mário Centeno ouviu o agradecimento conjunto ao seu papel como presidente do Eurogrupo nos últimos dois anos e meio. O ex-ministro das Finanças de Portugal cessa as funções europeias no domingo, mas esta quinta-feira despediu-se formalmente dos seus (agora ex) pares, no mesmo dia em que foi escolhido o irlandês Paschal Donohoe como seu sucessor, que lhe deixou rasgados elogios.

O ministro das Finanças da Irlanda foi eleito numa segunda volta contra a espanhola Nadia Calviño, também apontada como uma das favoritas há vários meses e que angariava o apoio de Portugal, França, Itália e Alemanha. A eleição desta quinta-feira decorreu de forma eletrónica e secreta, mas era necessária uma vitória por maioria simples. Nenhum dos três candidatos – o luxemburguês Pierre Gramegna também estava na corrida- conseguiu obter os 10 votos necessários logo na primeira votação, pelo que foi necessário proceder a uma segunda ronda, na qual Pierre Gramegna já só defrontou Nadia Calviño.

O sucessor de Mário Centeno diz-se “profundamente honrado” e “ansioso” em trabalhar com todos os “colegas do Eurogrupo nos próximos anos para garantir uma recuperação justa e inclusiva para todos, à medida que enfrentamos os desafios futuros com determinação”, escreveu numa publicação no Twitter. A ‘rival’ que lhe viu fugir a vitória também parabenizou o adversário, através de uma publicação na rede social, garantindo estar expectante para trabalharem em conjunto com o objetivo de alcançarem “uma recuperação robusta que não deixa ninguém para trás”.

Porém, as consequências que esta nomeação poderá ter para a Europa estão ainda em aberto. Para já ficou claro que o apoio, principalmente do Norte, ao ministro irlandês de centro-direita levou a melhor perante aquele que tem sido o eixo decisor da política europeia: Alemanha-França, numa altura em que o plano de recuperação europeia ainda não está fechado.

O vice-presidente da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis congratulou o sucessor de Centeno, realçando que “está a assumir o cargo de capitão num navio que enfrenta condições de tempestade, mas estou convicto de que sob a sua hábil administração, o Eurogrupo irá executar e tomar as decisões rápidas e decisivas que precisamos neste momento”.

Paschal Donohoe assume funções na segunda-feira, mas a primeira reunião sob a sua direção apenas está prevista para setembro, mas na primeira conferência de imprensa deixou rasgados elogios a Centeno.

“Quero começar por reconhecer o imenso trabalho do meu colega, amigo e agora governador, posso dizer, Mário Centeno, que durante o seu mandato como presidente do Eurogrupo lançou as fundações para permitir que o nosso euro, a nossa moeda comum, fosse mais forte e mais resiliente”, vincou.

Centeno agradece a colegas: Foi uma “honra”
Mário Centeno anunciou em junho que não se iria recandidar a um segundo mandato, ao abandonar o cargo de ministro das Finanças de Portugal.  O atual candidato a governador do Banco de Portugal tinha sido eleito presidente do Eurogrupo a 4 de dezembro de 2017, sucedendo a Jeroen Dijsselbloem, numa disputa contra o luxemburguês Pierre Gramegna na segunda volta, da qual se sagrou vencedor, depois da desistência da Letónia e da Eslováquia.

Tinha entre os desafios no mandato de dois anos e meio proceder à avaliação da implementação de reformas estruturais nos Estados-membros, bem como garantir políticas orçamentais sólidas e acompanhamento da situação orçamental da zona euro, mas propôs-se a avançar na reforça da zona euro, quando começou a exercer o mandato a 12 de Janeiro de 2018. A reforma da zona euro não está concluída, mas os últimos meses de Centeno na Europa ficaram marcado pela aprovação pelo Eurogrupo – após muitas negociações – de um pacote de apoio à economia no contexto da crise.

Na última conferência de imprensa, após o final da reunião, Mário Centeno deixou um agradecimento aos pares, assim como aos jornalistas “com quem trocou ideias”, salientando que “foi uma honra participar no importante trabalho do Eurogrupo nos últimos cinco anos, primeiro como membro, e depois como presidente”, antes de dar o “palco” a Paschal Donohoe.

“Permitam-me apenas dizer que foi um verdadeiro prazer trabalhar com o Paschal nos últimos dois anos e meio, e as suas contribuições para o trabalho do Eurogrupo foram muito valorizadas pelos colegas. Não tenho dúvidas de que será um excelente presidente do Eurogrupo e desejo-lhe sinceramente todo o sucesso neste cargo”, vincou.

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