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Nagorno-Karabakh: Arménia e Azerbaijão recusam cessar-fogo

A situação militar está a agravar-se todos os dias no cenário de conflito entre o Azerbaijão e a Armênia em torno do enclave de Nagorno-Karabakh, aumentando os temores de sua internacionalização, dizem os analistas. O coflito est+a numa fase de impossibilidade de controlo, até porque a Arménia considerou esta quarta-feira prematura a ideia de negociações […]
  • Nagorno-Karabakh
30 Setembro 2020, 17h40

A situação militar está a agravar-se todos os dias no cenário de conflito entre o Azerbaijão e a Armênia em torno do enclave de Nagorno-Karabakh, aumentando os temores de sua internacionalização, dizem os analistas. O coflito est+a numa fase de impossibilidade de controlo, até porque a Arménia considerou esta quarta-feira prematura a ideia de negociações com o Azerbaijão sob a égide da potência regional, a Rússia.

O primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, fechou a porta à possibilidade de negociações de paz imediatas, horas depois de uma votação unânime do Conselho de Segurança da ONU que pedia o fim das hostilidades e o “retomar das negociações sem demora”.

Do seu lado, o Azerbaijão disse que continuaria as suas operações militares até que as forças arménias se retirassem. Até que “vejamos claramente as tropas arménias a deixarem o território do Azerbaijão, continuaremos a nossa legítima operação militar”, disse, citado por vários jornais, a representação do país na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), cuja o grupo de Minsk medeia o conflito desde os anos 1990.

Este grupo, co-presidido pela Rússia, França e Estados Unidos, não conseguiu encontrar uma solução duradoura para o conflito no território que se separou do Azerbaijão com o apoio arménio e que, no início dos anos 1990, resultou na morte de cerca de 30 mil pessoas.

A Rússia, uma potência regional no sul do Cáucaso, mantém boas relações com ambos os países, ex-repúblicas soviéticas. O Kremlin, que pede o fim imediato dos combates, os mais graves desde 2016, disse estar disposto a mediar a guerra aberta entre Baku e Yerevan, as capitais, que corre o risco de desestabilizar uma região já de si muito volátil, onde os interesses de várias potências estão em competição.

De acordo com relatórios oficiais, que os analistas dizem poderem ser parciais, os combates em grande escala que eclodiram custaram a vida de 98 pessoas, incluindo 81 combatentes separatistas arménios e 17 civis em ambos os lados da frente. O Azerbaijão não relatou nenhuma perda militar. Mas o número de mortos pode ser muito maior.

Em ambos os países, a retórica beligerante nos últimos meses alimentou o fervor patriótico e o resultado foi a mobilização e a lei marcial. Para complicar a análise do que se está a passar, o Azerbaijão afirma ter obtido ganhos territoriais e interrompido as linhas de abastecimento da Arménia, mas Nagorno-Karabakh afirma ter recuperado posições perdidas.

Entretanto, a intromissão da Turquia, do lado do Azerbaijão, está a levantar novos problemas e chamar ao conflito outras potências. Ancara é a única potência que não pediu um cessar-fogo, encorajando, pelo contrário, o seu aliado azerbaijano a retomar o controlo de Karabakh pela força. É de recordar que as relações entre a Turquia e a Arménia são historicamente péssimas, com Ancara a ser responsabilizada internacionalmente – o que não admite – pelo massacre arménio de abril de 1915, onde terão morrido entre um milhão e 1,8 milhões de pessoas.

O Kremlin pediu à Turquia que se abstenha de incentivar os combates. E a França não demorou a fazer aumentar a tensão com a Turquia – que está em alta por causa do Mediterrâneo Oriental: “França continua extremamente preocupada com as mensagens bélicas que a Turquia tem enviado nas últimas horas, basicamente encorajando o Azerbaijão no que seria uma reconquista do Karabakh do Norte, e que não aceitaremos”, reagiu o presidente francês, Emmanuel Macron, esta quarta-feira.

O chefe de Estado francês anunciou que manterá conversações com seu homólogo russo, Vladimir Putin, esta noite, e com o presidente americano Donald Trump, nesta quinta-feira, antes de relatar a situação ao Conselho Europeu.

Ancara reagiu às palavras do presidente francês.: “a solidariedade expressa por Macron para com a Arménia, embora não esteja preocupada com os territórios do Azerbaijão, significa que Paris apoia a ocupação”, disse o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlüt Çavusoglu.

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