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“Não estamos interessados”. Pedro Castro e Almeida não quer o EuroBic, o Novo Banco, nem o Montepio

O CEO do Santander afirmou, esta quinta-feira, que o banco não está interessado em comprar o EuroBic nem outro banco em Portugal. Pedro Castro e Almeida disse ainda que o banco teve de injectar 180 milhões de euros no Fundo de Pensões por causa dos juros negativos. Sobre a injeção antecipada do Fundo de Resoluçãono Novo Banco diz que só analisa “propostas concretas”.
  • Cristina Bernardo
30 Janeiro 2020, 14h49

O ROE subiu 0,3 pontos percentuais para 12,7%. Esta rentabilidade associada a uma quota de mercado de 20% desincentivam completamente ao crescimento por aquisições em Portugal, disse Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Portugal. Portanto, afastou a compra do EuroBic, o qual nem foi convidado a analisar, afastou a compra do Novo Banco quando vier para o mercado, e afastou os rumores de compra de ativos do Banco Montepio. “Não temos equipas no Montepio”, ironizou o CEO.

“Não estamos interessados na aquisição de mais nenhum banco em Portugal. Temos em Portugal uma quota de 20%. Não nos parece que com uma quota como a que temos em Portugal, o grupo queira continuar a investir”, diz Pedro Castro e Almeida que lembra que o capital é escasso e que o PIB não cresce 5% a 6% ao ano. “O nosso crescimento aqui é crescimento orgânico, rematou.

O presidente-executivo do Santander em Portugal, na apresentação dos resultados, negou que o banco estivesse interessado em comprar também o Banco Montepio.

Pedro Castro e Almeida acredita que as instituições mais pequenas na Europa terão de consolidar para optimizar custos. Pois não vão conseguir criar valor por muito mais tempo.

O CEO lembrou que “é interessante, a parte da consolidação, porque a rentabilidade média do capital está na casa dos 7%, o que é muito abaixo”, já que é “quase metade da rentabilidade da banca americana” e “o custo do capital está na casa dos 10%”. Disse que, nesta situação, “as empresas, ou fecham ou têm de ganhar escala”, pelo que parece “inevitável” que haja consolidação na banca.

“Parece que vai haver um movimento dentro dos próprios países” e defende que “possam haver operações transfronteiriças”. Mas “no caso do Santander, penso que já atingimos a nossa escala”, adiantou. “Qualquer compra, arriscávamos a não conseguir criar mais valor” para o Grupo. “Agora, bancos que têm menor escala, penso que têm de se juntar”. “Vai haver aí movimentos na Europa, em termos de players mais pequenos”.

Banco teve de pôr 180 milhões no Fundo de Pensões por causa dos juros negativos

O Banco vendeu muita dívida pública, aproveitando as baixas taxas de juro, o que explica a subida de 7% do produto bancário, mas compromete a receita de margem no futuro. Sobre a venda de dívida pública portuguesa, que em termos líquidos rondou os 1.000 milhões Manuel Preto, CFO, preferiu falar do impacto que as taxas de juro negativas tiveram no Fundo de Pensões, e que obrigou o banco a injetar 180 milhões este ano.

O Banco não tem dívida pública italiana em carteira, garantiu o CEO.

O Santander Totta apresenta já um rácio de NPE (non-performing exposure) muito baixo, de 3,34% e um custo do crédito negativo de -0,02%, pelo que o banco não vai vender carteiras de crédito este ano.

O presidente do Santander Totta também se mostrou confiante de que, no âmbito do recurso que o Santander apresentou, o banco irá conseguir provar em tribunal que não deve pagar a coima de que foi alvo (14 bancos, no total) no âmbito do processo de “troca de informações” que levou a uma multa por parte da Autoridade da Concorrência — Pedro Castro e Almeida recusa que se possa chamar a isto um processo de “cartel da banca”, porque a acusação não usa essa expressão.

O banco não constituiu imparidades para essa multa, o que significa que não está a contar pagá-la.

Sobre a exposição aos fundos de reestruturação, o CEO diz que o banco tem uma exposição pequena, mas que acredita que esses fundos (ex-ECS ou Oxy) irão acelerar a venda de ativos de turismo este ano, dado a elevada procura, pelo que os fundos (de que os bancos têm unidades de participação) poderão fechar a venda dos activos antecipadamente.

Sobre a disponibilidade de o banco emprestar dinheiro ao Fundo de Resolução nacional e num cenário de injeção antecipada no Novo Banco, Pedro Castro e Almeida disse que analisará quando a proposta concreta chegar.

Sobre o caso Luanda Leaks, o banqueiro admite que tem um impacto negativo sobre a reputação da banca. “Naturalmente que não ajuda. A reputação do setor financeiro não é boa em Portugal, não é boa na Europa, não é boa no mundo. Desde 2008, isso é algo que não se tem conseguido melhorar. A banca está a demorar entrar no carril para construir esta reputação e naturalmente que este caso não ajuda”.

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