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Não faça as malas ainda. Afinal, seis horas de trabalho na Suécia são mito

Vídeo viral falava de mudanças laborais no país, mas não é bem assim.
10 Janeiro 2017, 12h35

Parece que andou um vídeo a circular pela internet que declarava: “A Suécia vai introduzir oficialmente a jornada de trabalho de seis horas”. Entusiasmo, voos a serem comprados, emigrações a serem planeadas… Mas se calhar é melhor termos todos mais calma. É que afinal, tudo não passava de um falso alarme, como demonstrou o correspondente da BBC em Estocolmo, Keith Moore.

O vídeo em questão explicava que os trabalhadores na Suécia iam continuar a receber o mesmo salário por menos horas de trabalho com base em estudos que demonstravam que as pessoas eram igualmente produtivas em jornadas laborais de seis ou oito horas. O conteúdo foi visto cerca de 40 milhões de vezes no Facebook e quatro mil no Youtube.

No entanto, o jornalista estranhou o facto de não ter sido avisado de nada no emprego, enquanto começou a ver comentários de suecos a contestar o anúncio e a explicar que não era verdade. “Há experiências, mas não há uma tendência geral para a jornada de trabalho de seis horas”, explicou Kerstin Ahlberg, do Departamento de Direito do Trabalho da Universidade de Estocolmo.

“O que a lei diz na Suécia é que o tempo de trabalho não deve ultrapassar 40 horas semanais, a não ser que sejam necessárias horas extras e, neste caso, o limite é de 48 horas semanais”, acrescentou a especialista. Efetivamente, Ahlberg falou de alguns estudos que avaliaram a redução da jornada laboral para seis horas, em comparação com um grupo de controlo.

As investigações demonstraram que os trabalhadores se sentem mais saudáveis, calmos e atentos com menos horas de trabalho. Além disso, a média de faltas por problemas de saúde diminuiu para metade no caso de trabalhadores com jornadas reduzidas, em comparação com os que trabalham as tradicionais oito horas.

Mas nem tudo são rosas. É que nos casos de empregos onde tem de estar alguém a trabalhar durante um determinado período de tempo, isto significa que tem inevitavelmente de se contratar mais trabalhadores. Ou seja, mais gastos para a entidade empregadora.

“Aconteceram várias experiências no século XIX com um número diferente de horas de jornada de trabalho, e depois os efeitos foram examinados”, contou John Pencavel, professor emérito de Economia da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

“Houve um exemplo famoso na década de 1890, quando o dono de uma fundição de ferro em Manchester e o sindicato local fizeram um acordo para reduzir as horas de trabalho de 54 horas por semana para 48 horas. O efeito na produção foi pouco e, depois de tentar durante um ano, os dois lados concordaram que a mudança deveria ser permanente”.

No entanto, a grande diferença é que estes estudos focavam maratonas de 50 horas semanais, uma realidade que deixou de acontecer, pelo menos contratualmente. De qualquer forma, a Suécia não está a planear mudanças na lei laboral e o número de horas semanal de trabalho é 40, ou seja, jornadas de oito horas.

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