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Natal em tempo de pandemia. Países europeus preparam-se para apertar restrições

A palavra de ordem para o natal deste ano será “restrições”. Menos familiares à mesa e menos liberdade de circulação na rua. Em Portugal, ainda não se sabe que medidas vigorarão na época natalícia, mas já se pode ter uma ideia com base nas medidas preventivas adotadas em Espanha, Reino Unido, Itália, Alemanha e França.
25 Novembro 2020, 11h17

Não restam dúvidas de que as celebrações do Natal deste ano não vão escapar à Covid-19. Em Portugal, o Governo prepara-se para anunciar um conjunto de medidas restritivas para a época natalícia, nas próximas semanas, admitindo, desde já, que o estado de emergência vigorará nessa altura. No entanto, o primeiro-ministro mantém ainda o jogo fechado, considerando que ainda é cedo para especulações.

“Se me pergunta se no natal vai vigorar o estado de emergência, eu ficaria muito surpreendido se no natal não houvesse estado de emergência, seria uma evolução absolutamente extraordinária da epidemia”, afirmou António Costa no sábado.

Mas enquanto aqui ainda não se conhecem as medidas, os governos lá de fora já começaram os preparativos para que a quadra festiva seja celebrada em segurança. Na verdade, até a Igreja Católica admitiu suspender as celebrações religiosas, nomeadamente, a missa do galo, que decorre na meia noite de 24 de dezembro, para evitar ajuntamentos e a propagação do vírus.

Se as medidas restritivas que vigoram atualmente no país e no mundo forem aliviadas, é provável que o número de contágios, internamentos e mortes volte a aumentar em janeiro de 2021 abrindo alas para o inicio de uma terceira vaga. Na Europa, o número de casos confirmados ultrapassa os 15 milhões e só na última semana, morreram cerca de 29 mil pessoas.

Espanha

Preocupada, na vizinha Espanha, o governo de Sánchez propôs limitar a reuniões familiares e sociais a um máximo de seis pessoas, salvo se o agregado familiar for superior. Em simultâneo, pretende impor também a ordem de recolhimento obrigatório entre a 1h00 e a as 6h00 da manhã, tanto na noite de natal como na véspera de Ano Novo.

O executivo espanhol recomenda ainda todas as festas limitadas a seis pessoas — sempre ao ar livre — a limitação de viagens ao estritamente necessário e o aumento da oferta dos serviços de transportes públicos para evitar as aglomerações desde de que sejam cumpridas três condições: o uso permanente da máscara, que os utentes não falem nem comam durante a viagem e que a ventilação do transporte público seja adequada.

Em relação às celebrações religiosas, estas terão que terminar antes da 1h00 da manhã para que os espanhóis regressem a casa a tempo e a horas do recolhimento obrigatório, desde que o distanciamento social seja cumprido e os crentes não cantem durante a missa. A música da Igreja seria apenas, neste caso, acústica.

Estas medidas são, para já, apenas propostas que serão discutidas em Parlamento, esta quarta-feira.

Alemanha

Na Alemanha, Angela Merkel e as autoridades de sanitárias planeiam permitir ajuntamentos de até dez pessoas durante as celebrações de natal e passagem de ano, levando a cabo um relaxamento das restrições para que as famílias e amigos possam celebrar as datas juntos, de acordo com um esboço de uma proposta divulgada esta terça-feira.

De acordo com o novo plano, os ajuntamentos seriam limitados a um máximo de cinco pessoas até à época natalícia (menores de 14 anos não serão contabilizados) — altura em que se alargaria este limite. Além disso, o plano propõe que seja proibido o fogo-de-artifício em locais públicos durante a véspera de ano novo, para evitar ajuntamentos e o encerramento dos mercados tradicionais de natal.

Pelo menos até 20 de dezembro, hóteis, restaurantes e ginásios vão permanecer fechados e a utilização de máscara manter-se-à obrigatória em todos os edifícios públicos, bem como nas lojas e nos transportes. Está ainda a ser estudada a hipótese de se aplicar o uso de máscara obrigatório na rua sempre que não seja possível manter o distanciamento social, semelhante à medida que já vigora em Portugal.

França

França foi, de longe, o país mais afetado pela segunda vaga na União Europeia. Foi o único estado-membro a ultrapassar os 50 mil casos diários, algo que motivou um enorme stress sobre os hospitais e unidades de cuidados intensivos.

O presidente Emmanuel Macron avisou esta terça-feira que “estas férias de Natal não vão ser como as outras”, alertando que as viagens entre diferentes regiões vão depender dos números do avanço da epidemia. Excecionalmente, nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá recolher obrigatório, que entrará em vigor a partir de 15 de dezembro, entre as 21h00 e as 7h00. As lojas e cabeleireiros vão pode reabrir a partir do próximo sábado, 28 de novembro, enquanto que o setor da restauração só poderá retomar a atividade a partir de 20 de janeiro.

No Natal, o chefe de Estado francês admite haver possibilidades das famílias estarem juntas no natal mas sublinha que os ajuntamentos em público não serão tolerados.

Reino Unido

O governo britânico anunciou que o plano de medidas para o período natalício prevê que possam juntar-se três agregados familiares diferentes, sem limite máximo de pessoas, durante o Natal. O plano teve também luz verde dos governos do País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte e prevê que se possa circular livremente entre 23 e 27 de dezembro, independentemente do nível de restrições em vigor nas diferentes zonas.

O período de relaxamento das restrições termina a 28 de dezembro, data em que todas as regiões regressam às medidas anteriormente em vigor para travar a propagação da covid-19, incluindo durante o Ano Novo.

Segundo o diário britânico “The Guardian”, durante o natal, não haverá qualquer regra no que diz respeito ao cumprimento do distanciamento social e as famílias poder-se-ão reunir dentro de casa, em espaços públicos e em espaços de culto. No entanto, não poderá haver ajuntamentos em bares e o Governo britânico apela às pessoas que analisem o risco para os familiares mais idosos e vulneráveis.

No que às viagens diz respeito tinha sido já notícia a mudança do regime de quarentena a impor aos passageiros internacionais que cheguem ao Reino Unido, oriundos de zonas de risco. Desde que se submetam a um teste e que este dê resultado negativo para a covid, a quarentena é reduzida para cinco dias, ao invés dos 14 atualmente exigidos. Medida entrará em vigor no dia 15 de dezembro.

Itália

Também em Itália ainda está em estudo o plano para o natal, mas o ministro da Saúde, Roberto Speranza, admitiu que poderá existir uma liberdade de movimento no país, ainda que isso só possa ser possível caso todas as regiões estejam na chamada zona amarela — neste momento, são apenas quatro (Lazio, Molise, Sardenha e Veneto) das vinte regiões italianas estão em zona amarela, considerada de risco moderado

Oito regiões estão na zona laranja com nível médio de transmissão (Ligúria, Emília-Romanha, Friuli-Veneza Júlia, Marcas, Basilicata, Úmbria, Apúlia, Sicília) e sete na zona vermelha (Lombardia, Piemonte, Vale de Aosta, Calábria, Campânia, Toscana e Abruzos).

Apesar da incerteza, o governo já admitiu que as celebrações terão de ser mais contidas este ano. Deslocações para ver familiares, organização de festas e jantares e até compras de Natal não são permitidas por agora em algumas zonas e os mercados de natal estão proibidos em todo o país.

 

 

 

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