As negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China recomeçaram esta quarta-feira ao cabo de seis meses de interregno sem que haja grandes expectativas de que as duas partes consigam chegar a um entendimento. Quando muito, segundo os analistas, já será uma pequena vitória que China e Estados Unidos acordem em voltar a encontrar-se a breve trecho.
Dando conta de que o ambiente não é propício a qualquer desanuviamento, Erin Ennis, vice-presidente do U.S.-China Business Council, disse que “não esperamos grandes resultados esta semana”. Christopher Adams, ex-funcionário do departamento do Comércio dos Estados Unidos e atualmente consultor, afirmou por seu turno que “um acordo abrangente que mude profundamente o sistema chinês? Não acho que isso seja possível”, disse.
Para além de todas as dificuldades, há agora mais duas não descartáveis: o facto de Donald Trump querer mostrar mão firme num tema especialmente difícil depois do braço de ferro com os congressistas democratas a propósito da construção do muro com o México; e a intenção de o Ministério Público norte-americano levar a tribunal a poderosa Hawei, o grupo que produz os smartphones chineses – que são já um caso sério de concorrência com a Apple.
Mas, se as negociações forem para continuar, terão que se num prazo bastante curto: no próximo dia 2 de março, o governo de Trump deverá aumentar as suas tarifas (de 10% para 25%) para produtos oriundos da China que agregam cerca de 200 mil milhões de dólares em importações.
Este montante poderá assim vir a breve prazo a junta-se às imposições anteriores, que incidiram sobre importações de 250 mil milhões – a que a China ripostou com aumento sobre importações dos Estados Unidos num total de 110 mil milhões de dólares. O presidente Donald Trump ameaçou ainda estender as tarifas para um adicional de 267 mil milhões, o que na prática cobriria praticamente tudo que a China envia para os Estados Unidos.
A delegação norte-americana às negociações desta semana é liderada pelo representante do Comércio Robert Lighthizer, um crítico de longa data das práticas comerciais chinesas agressivas e das políticas dos Estados Unidos que não conseguiram neutralizá-las. A delegação chinesa está a cargo do vice-primeiro-ministro Liu He, o que atesta que Pequim não se poupa a esforços para levar as negociações até ao fim.
Na primavera passada, parecia que os dois lados poderiam evitar um conflito total. O secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, declarou que a guerra comercial “está em suspensa” depois de a China concordar em aumentar as suas compras de produtos norte-americanos, especialmente nos setores da agricultura e da energia, e restringir o enorme défice comercial.
Mas o cessar-fogo durou pouco. Os críticos rejeitaram os compromissos de Pequim como sendo vagos, e Trump recuou face ao acordo de Mnuchin e decidiu prosseguir com a guerra.
O resultado parece ser mau para todos. O FMI, Banco Mundial e OCDE baixaram as suas previsões para o crescimento global, e economia chinesa está a desacelerar (cresceu abaixo de todo os índices desde 1990) e os Estados Unidos ficaram em choque com o encerramento de algumas unidades carismáticas – como a construtora de automóveis GM.
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