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Sector automóvel. Exportações nacionais caíram 21% devido à pandemia (com áudio)

Entre os vários indicadores, o emprego foi o menos afetado justificado em parte pelas medidas de apoio às empresas, como o lay-off simplificado.
7 Abril 2021, 08h00

As exportações nacionais da indústria automóvel caíram 21% em 2020 face a período homólogo devido à “paragem generalizada da produção no início da pandemia” da Covid-19.

Entre os construtores automóveis a quebra foi de 23,4%, enquanto que para os fabricantes de componentes a descida nas exportações foi de 20%.

Esta é uma das conclusões do estudo realizado pela Deloitte para o Compete 2020 e para a Mobinov – Cluster Automóvel divulgado esta terça-feira, 6 de abril.

“As exportações do cluster sofreram um impacto significativo devido à pandemia, uma vez que o mesmo apresenta um cariz essencialmente exportador e que se verificou uma queda da procura nos principais mercados destino. Apesar da contração verificada, as exportações dos fornecedores e acessórios demonstraram uma queda menos acentuada do que a quebra verificada nos principais mercados de exportação, devido ao ganho de competitividade e quota nestes mercados, demonstrando a resiliência do cluster”, segundo o relatório.

Olhando para o sector como um todo, o documento conclui que a “redução da procura de automóveis devido à pandemia da Covid-19 teve um grande impacto no Cluster da Indústria Automóvel em Portugal. Em 2020, o volume de negócios e as exportações sofreram quebras significativas, considerando o cariz exportador do setor em Portugal”.

Em termos de emprego, a indústria empregava um total de 90.500 trabalhadores em 2019, valor que recuou quase 4% em 2020 para 87 mil trabalhadores (mais de 79 mil da indústria de componentes e quase oito mil de fabricantes automóveis). Separando as duas indústrias, os produtores registaram uma descida de 2,5% nos trabalhadores, com o sector de componentes a cair 4%.

“O emprego foi o indicador menos afetado (maior rigidez), em parte justificado pelas medidas de apoio às empresas (lay-off simplificado)”, destaca o documento. A contribuir para este indicador também esteve a “necessidade de garantir o cumprimento dos contratos em vigor e as boas perspetivas de recuperação (ex. Volkswagen T-Roc com boa performance de procura na Europa), permitiram às empresas do cluster manter a maioria dos pontos de trabalho diretos durante o período da pandemia”.

Contudo, o documento aponta que o outsourcing industrial, os trabalhadores subcontratados através de empresas de prestação de serviços, “sofreu um impacto significativo, como resultado de uma maior flexibilidade em terminar com este tipo de contratos”.

Em termos de valor acrescentado bruto (VAB), este recuou 21,3% para 3.026 milhões de euros (2.618 milhões no sector de componentes e 408 milhões entre os fabricantes automóveis). O sector de componentes sofreu a maior queda (-22,4%) com os fabricantes a recuarem 13,2%.

O documento sublinha que “a riqueza gerada pelo cluster sofreu uma quebra considerável como consequência da pandemia. O VAB registou assim uma diminuição significativa face ao verificado em 2019, estando a mesma associada às fortes contrações da procura automóvel e dos principais construtores e players Tier 1 no mercado europeu”.

Analisando a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que avalia as compras das empresas para produzirem bens, este indicador caiu 43% em 2020 para os 558 milhões. O sector dos componentes sofreu uma quebra de 45%, com os fabricantes automóveis a descerem 23%.

“Tanto os construtores como os fornecedores e acessórios viram as suas necessidades de liquidez aumentarem com a pandemia, tendo suspendido ou adiado no imediato parte dos investimentos em curso. Adicionalmente, a incerteza e volatilidade que se impuseram sobre o setor adiaram as decisões de investimento planeadas para o restante ano de 2020”, conclui o estudo.

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