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No meio da confusão política, Wall Street continua em alta

O mercado disparou esta quinta-feira, depois de se saber que os republicanos devem manter o controlo do Senado e bloquearão, imaginam os investidores, qualquer mudança na política da Casa Branca em relação aos lucros corporativos.
5 Novembro 2020, 20h44

Com os votos ainda a serem contados, o país mergulhado na incerteza e a deteção de vários focos de pré-violência que podem chegar às ruas, os principais índices de Wall Street tiveram mais um dia ‘gordo’, com as cotações a dispararem. Para os analistas, mais este ótimo dia para as ações ficou a dever-se ao facto de ser esperado que os republicanos continuarão a ter o controlo do Senado e fiscalizarão qualquer tentativa da Casa Branca (se estiver habitada pelo democrata Joe Biden) em diminuir os lucros corporativos das empresas.

Não é certo que Biden, se chegar a presidente, o faça – desde logo aumentando a carga fiscal para as empresas – como também não é certo que o histórico da economia determine que os republicanos são mais ‘amigos’ dos negócios, mas o certo é que Wall Street esteve em alta. Tanto mais que, dizem ainda os analistas, se espera que os dois partidos que gerem a política norte-americana finalmente se coloquem de acordo em relação a já famoso mas nunca real pacote de incentivos económicos para o combate à pandemia.

Wall Street subiu assim pela quarta sessão consecutiva. O Dow Jones aumentou  575.05 pontos, ou 2,06%, para 28,422.71 pontos; o S & P 500 ganhou 77,76 pontos, ou 2,26%, para 3,521.2 pontos; e o Nasdaq subiu 310.07 pontos, ou 2,68%, para os 11,900.85 pontos.

O mercado recebeu um impulso adicional com a decisão do Fed central de manter a sua política monetária intacta e mais uma vez comprometeu-se a fazer o que puder para sustentar uma economia seriamente prejudicada pela pandemia do coronavírus.

“Viva a alta do mercado, para mim funciona, mas de certa forma os investidores podem estar a preparar-se para uma decepção”, disse Michael Arone, analista de investimentos da State Street Global Advisor, citado pela agência Reuters. “As coisas nunca são tão boas ou tão más como parecem, mas os mercados parecem estar se recuperar fortemente neste ambiente pós-eleitoral”.

Mas o gestor advertiu que ainda não há certeza de que o Congresso continuará dividido face ao pacote de incentivos, portanto “há uma pequena hipótese de os mercados sofrerem um choque”.

Todos os 11 principais setores do S&P 500 subiram no final do dia, e o índice de volatilidade, que subiu nos últimos meses porque os investidores temiam que as eleições pudessem provocar quedas nas ações, recuou para o seu nível mais baixo em três semanas.

Ao cabo de quatro dias de excelentes negócios, podia dizer-se que tudo está bem quando acaba bem. Mas, no caso, o problema é que nada acabou: na frente política, está tudo em aberto – e é de recordar que o histórico dos falhanços de Wall Street na antecipação do quadro político é enorme.

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