[weglot_switcher]

Nova-iorquinos consideram ‘shutdown’ “ataque de raiva” de Donald Trump

Alguns nova-iorquinos classificam a ideia de construir o muro na fronteira com o México de “cruel”, “inútil” ou “essencial” e consideram que a paralisação parcial do Governo resulta de um “ataque de raiva” do presidente dos EUA.
11 Janeiro 2019, 08h33

Alguns nova-iorquinos classificam a ideia de construir o muro na fronteira com o México de “cruel”, “inútil” ou “essencial” e consideram que a paralisação parcial do Governo resulta de um “ataque de raiva” do presidente dos EUA.

Cinco pessoas, em declarações à agência Lusa em Nova Iorque, criticaram com palavras fortes a paralisação parcial do Governo dos Estados Unidos (‘shutdown’), que dura há 21 dias, e Donald Trump, enquanto uma outra deu opiniões favoráveis sobre o ‘shutdown’ e o muro, principal razão de discórdia entre o Presidente e o Congresso.

Para os nova-iorquinos, que dizem que estarem a ser afetados diretamente pela paralisação de serviços públicos, o ‘shutdown’ é culpa da administração Trump.

Gabriel Rumbell, de 35 anos, diz que o ‘shutdown’, sendo “absolutamente terrível”, é um “estratagema” e resulta de “um ataque de raiva” de Trump, que não consegue satisfazer as suas vontades e usa “o lamentável poder que tem para levar o país a ficar parado”.

Informático de profissão, Gabriel Rumbell acredita que o único motivo por que Trump continua com esta “crise” é para “apaziguar” os seus apoiantes.

“Ele fez campanha com a ideia de um muro e se ele não construir um muro para apaziguar a sua base, vai parecer estúpido”, afirma.

De entre as seis pessoas entrevistadas pela Lusa nas ruas de Nova Iorque, o advogado Alan Bannister foi o único que deu uma opinião positiva quanto ao ‘shutdown’. A razão: “quanto menos tempo o Governo passa em funcionamento, menos dinheiro gasta”.

Um muro “é essencial para proteger as fronteiras”, diz Alan Bannister, acrescentando que se os Estados Unidos não conseguirem proteger o território, deixam de ser uma “nação soberana”.

Bannister considera que os 5,7 mil milhões de dólares (4,9 mil milhões de euros) que Trump pede para a construção são uma “ninharia”, se comparados com os gastos que o Congresso destina a coisas desnecessárias à população.

O advogado defende o financiamento para o muro e é da opinião que todas as pessoas que querem entrar nos EUA têm de ser rastreadas: “Eu pergunto-me porque continuamos a ter controlos de passaporte no JFK (aeroporto de Nova Iorque), se não temos um muro numa fronteira ainda maior, por onde as pessoas podem simplesmente entrar despercebidas e não verificadas”, explica.

Robert Laird, empregado de um café de Nova Iorque, diz que a falta de acordo há mais de 20 dias faz parecer que “Trump não quer terminar [com o ‘shutdown’] ou que nem sabe realmente o que é o ‘shutdown’ ou como pode ter começado”.

Para Robert Laird, a administração do país devia reunir esforços para levar mais tecnologia para as fronteiras, mas construir um muro ou outro tipo de barreiras é “estúpido e sem sentido”.

A professora Petty Hill considera que a decisão de travar qualquer pagamento a serviços federais até que o Congresso aprove o financiamento para o muro é uma ação “terrivelmente imprudente por parte da administração Trump”, que “está a prejudicar milhares de funcionários federais que não estão a ser pagos, mas que são esperados nos locais de trabalho”.

A opinião da professora sobre o muro é que essa ideia “é cruel, é estúpida e é inútil” e de que “não vai fazer nada quanto ao problema das drogas” e dos imigrantes ilegais.

O ‘shutdown’ está a provocar o encerramento de parques naturais e até de pesquisas científicas financiadas pelo Governo, relembra Petty Hill.

A mesma opinião é partilhada por Jackie Morgan, que trabalha no setor da hotelaria e turismo, e que testemunha que as férias de muitos clientes estão a ser afetadas e os parques naturais não estão abertos ao público.

“Pessoalmente, a minha vida não tem sido impactada, mas li e encontrei várias pessoas que não podem ir aos trabalhos e que não têm recebido os seus ordenados”, diz a agente de relações públicas de companhias de hotelaria.

“Se não receberes o teu ordenado durante mais de duas semanas, não podes pagar a renda”, explica Jackie Morgan, que vê no muro uma “razão ridícula” para o impasse que está a haver.

Na opinião de Jackie, “Trump devia recuar e aceitar os acordos que o Congresso e a Câmara dos Representantes estão a fazer”.

Também Arin Hollingsworth, estudante de 18 anos, considera, em declarações à Lusa, que paralisar o Governo “não é uma boa jogada” e não representa uma ação adequada para a libertação de fundos: “não tem provado ser útil até agora”, diz.

O estudante afirma que tem visto efeitos do ‘shutdown’ através dos amigos, que estão entre os que estão sem trabalhar há vários dias, porque trabalham com o Governo federal e têm estado “suspensos” no processo.

O Governo federal dos EUA está encerrado desde 22 de dezembro, sem previsões de reabertura, o que põe em causa o pagamento de salários a cerca de 800 mil funcionários públicos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.