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Novo Banco aumenta provisões no último trimestre

Banco prepara-se para apresentar contas de 2017 em março, com prejuízo histórico. Provisões disparam no último trimestre por imposição do BCE.
  • Cristina Bernardo
11 Fevereiro 2018, 16h42

O Novo Banco vai apresentar contas em março, mas o Jornal Económico sabe que a instituição, por imposição do supervisor (BCE) reforçou muito as provisões no último trimestre, o que poderá levar a um prejuízo recorde, que poderá ser superior aos mil milhões de euros de 2015. No entanto, as contas ainda não estão fechadas.

Em 2015, o prejuízo do banco foi o reflexo do elevado nível de provisionamento, essencialmente para crédito a clientes, títulos e imóveis (que nesse exercício atingiu os 1.054,4 milhões de euros).

A história deverá repetir-se nas contas de 2017, soube o Jornal Económico, só que agora há um mecanismo de capitalização contingente, com um valor total de 3,89 mil milhões de euros, para suportar as perdas que sejam resultado de imparidades aplicadas aos ativos que estão sob alçada desse mecanismo do Fundo de Resolução. Assim, esta entidade pública vai ser chamada a repôr os rácios de capital do Novo Banco, consumidos pelos números negativos de 2017, se descerem abaixo de determinado valor (rácio de CET 1 abaixo de 12,5%).

A limpeza de balanço é uma tendência relativamente usual no primeiro ano de atividade de uma instituição financeira, quando muda de acionista e de gestão. Neste caso não deverá ser excepção. O Novo Banco foi comprado em outubro pelo Lone Star.

O impacto do reforço de imparidades, que ocorreu por exemplo também na CGD, poderá ter algum impacto nos bancos concorrentes, sobretudo naqueles que têm créditos em comum com o Novo Banco. Mas segundo as nossas fontes, no essencial esse impacto na concorrência foi sobretudo no reforço de provisões da CGD, não se antevendo um impacto significativo com o reforço de provisões do Novo Banco.

As contas serão auditadas pela EY, pois com o novo acionista o auditor do Novo Banco mudou. A PwC saiu, dando lugar à EY, que acumula aquela função com a de revisora oficial de contas da Caixa Geral de Depósitos e do Fundo de Resolução.

O banco liderado por António Ramalho teve prejuízos de 788,3 milhões de euros em 2016, o que compara com o resultado consolidado negativo de 929,5 milhões de euros registado em 2015.

Em 2016, as provisões para crédito problemático foram de 672,6 milhões de euros, tendo sido ainda provisionados 315,9 milhões de euros para títulos e 98,2 milhões de euros para custos com o processo de reestruturação em curso (que inclui cortes de trabalhadores e de balcões).

As provisões para crédito e outros ativos em 2017 deverão superar estes montantes, segundo as nossas fontes.

Venda da GNB Vida ainda sem desfecho

O Novo Banco convidou a short-list de interessados a apresentar uma proposta financeira e é nessa fase que está o processo de alienação da seguradora GNB Vida.

Este processo está a ser seguido pelo Fundo de Resolução, pois este é o primeiro ativo do mecanismo de capitalização contingente que vai ao mercado.

Como se sabe, o Fundo de Resolução será chamado a cobrir eventuais perdas na venda, se esta ficar abaixo do valor contabilístico de 480 milhões de euros. Na corrida estão a Apollo (dona da Seguradora Unidas – que junta a Tranquilidade e a Açoreana), grupos espanhóis do setor segurador e ainda um grupo holandês, o Nationale-Nederlanden.

O valor dos ativos que estão sob o mecanismo de capitalização contingente (isto é, que estão garantidos e são da responsabilidade do Fundo de Resolução) são, segundo disse recentemente Ricardo Mourinho Félix, 12,7 mil milhões de euros brutos e 7 mil milhões de euros líquidos, porque estão provisionados a 38,4%. O secretário de Estado disse também que “o uso de todo o dinheiro do mecanismo (3,89 mil milhões de euros) implicaria um provisionamento dos ativos a 70%, o que não parece provável”. Recorde-se que o Estado tem a obrigação de financiamento do Fundo de Resolução para este mecanismo, durante 11 anos, apesar do mecanismo de capitalização contingente ter a duração de oito anos.

 

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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