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Novo Banco: Catarina Martins diz que auditoria parece “brincadeira de mau gosto”

No evento do Bloco de Esquerda em Viseu, Catarina Martins garantiu ainda que a condição para existir acordo para o Orçamento de Estado para 2021 será “não haver nenhum tostão para continuar a pagar os desmandos do Novo Banco”.
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    António Cotrim/Lusa
5 Setembro 2020, 09h14

Depois do pedido de anulação da auditoria ao Novo Banco, Catarina Martins garantiu que a avaliação levada a cabo pela Deloitte “parece brincadeira de mau gosto”

“A Deloitte, que não aponta nenhum problema à venda da seguradora do Novo Banco a preço de saldo e a um corrupto condenado, assessorou esse mesmo negócio. Parece brincadeira de mau gosto, mas não é”, escreveu Catarina Martins, no Facebook na sexta-feira, 5 de setembro.

No evento do Bloco de Esquerda em Viseu, na noite sexta-feira, Catarina Martins sublinhou que “não se podem esconder dados ao povo português que anda a pagar esta resolução desastrosa há tantos anos. A auditoria da Deloitte tem de ir para o caixote do lixo porque Deloitte foi parte interessada nos negócios ruinosos do Novo Banco.

Na mesma ocasião a coordenadora do Bloco de Esquerda assegurou que a condição para existir acordo para o Orçamento de Estado para 2021 será “não haver nenhum tostão para continuar a pagar os desmandos do Novo Banco”.

Por sua vez, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua apontou que a auditoria está “ferida de morte” e não garante “seriedade, rigor e independência” necessária ao processo de escrutínio às operações realizadas. “O relatório fala do negócio de venda da GNB Vida quase branqueando-o, por não apresentar elementos”, disse ao Jornal Económico (JE) Mariana Mortágua.

Em causa está a notícia do JE que revela que a Deloitte Espanha assessorou financeiramente o Novo Banco na venda da GNB Vida ao Apax, um fundo britânico, uma operação que aconteceu em 2017 e ficou concluída em outubro de 2019, tendo gerado perdas de 250 milhões para o banco liderado por António Ramalho.

Além do Bloco de Esquerda, o PAN e o Chega também pediram novas auditorias.

“O grupo parlamentar do PAN vem por este meio requerer que a Comissão de Orçamento e Finanças interpele o Banco de Portugal para que tome as diligências necessárias para assegurar, com carácter de urgência, a realização de uma avaliação independente da operação de alienação da seguradora GNB Vida pelo Novo Banco, S.A”, apontou num requerimento enviado na sexta-feira, 4 de setembro, pelo PAN ao presidente da Comissão de Orçamento e Finanças.

O líder do Chega pediu nova auditoria, mas também que fosse criado um grupo de trabalho para a realização da nova avaliação da gestão do Novo Banco. “O Chega entregou hoje o projeto de resolução não só a solicitar uma nova auditoria, mas também a solicitar a intervenção de especialistas que sejam designados pelo Parlamento para essa auditoria”, explicou André Ventura em conferência de imprensa na Assembleia da República, na sexta-feira, 4 de setembro.

Em resposta às acusações, a Deloitte rejeitou qualquer situação que a impedisse de auditar o Novo Banco. “A Deloitte cumpre a lei e obriga-se às mais rigorosas regras legais, profissionais e deontológicas, bem como à verificação de independência e de conflito de interesses das entidades da rede Deloitte e dos seus profissionais para a execução deste tipo de trabalhos”, defende a empresa que realizou a auditoria independente aos atos de gestão dos últimos 18 anos do BES/Novo Banco.

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