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Novo Banco não tem previsto vender este ano portefólios de imóveis

A instituição financeira admite realizar vendas particulares de imobiliário, algo que já o faz. O presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, disse, em conferência de imprensa, que o banco vende 50% dos ativos imobiliários em vendas particulares.
2 Setembro 2020, 13h46

O Novo Banco não antecipa vender em 2020 mais ativos imobiliários em portefólio. Esta tem sido forma seguida pela instituição financeira em vender ativos que não estão afetos à exploração e que, por força das regras bancárias, obrigam os bancos a aliená-los no prazo de dois anos, ainda que possam surgir autorizações excecionais a consagrar mais tempo.

A instituição financeira admite realizar vendas particulares de imobiliário, algo que já o faz. O presidente executivo do Novo Banco disse, em conferência de imprensa, que se realizou esta quarta-feira, que o banco vende 50% dos ativos imobiliários em vendas particulares.

No balanço do Novo Banco estão 3.380 imóveis para venda que, após o reconhecimento de imparidades, têm um valor global de 550 milhões de euros.

António Ramalho disse que o Novo Banco “herdou um ativo imobiliário de 5,2% da totalidade do seu ativo”, o que era mais do dobro do que o maior banco português, a Caixa Geral de Depósitos, cujo ativo imobiliário representava 2,3% do ativo total.

O presidente executivo do Novo Banco explicou que, dentro do ativo imobiliário, 18% era constituído por ativo residencial, que não estava “na Avenida da Liberdade nem na Avenida de Roma”, e 43% consistia em terrenos.

O executivo explicou ainda que o Novo Banco utilizou a técnica de venda de portefólios para se desfazer de ativos imobiliários porque “não havia outras soluções” e vincou que, se fizesse vendas de imobiliário ativo a ativo, “demoraria vinte anos”.

Os compromissos que se impõem ao Novo Banco no âmbito do processo de reestruturação do balanço determinam, pois, uma venda de ativos imobiliários mais atempada, ao que se somam as regras que determinam que os ativos não afetos à exploração do banco sejam alienados em dois anos.

Ainda assim, António Ramalho disse que pediu cerca de três mil autorizações ao Banco Central Europeu para obter um prazo mais alongado.

Foi também através da venda de imobiliário em portefólio que o Novo Banco conseguiu reduzir o peso que estes ativos tinham no balanço, que passou de 2,7 mil milhões para 1,1 mil milhões de euros.

António Ramalho chamou a atenção que, nas vendas de imobiliário, o âmbito de proteção do mecanismo de capital contingente (CCA) é menos relevante do que nas operações de crédito improdutivo. E detalhou apenas 17% dos ativos compreendidos no projeto “Viriato” foram cobertos pelo CCA, que também cobriu 20% dos ativos que integraram o “Sertorius”.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu à Procuradoria-Geral da República que travasse a venda de ativos imobiliários até que fosse concluída a auditoria da Deloitte aos actos de gestão do BES/Novo Banco, que percorreu um período de 18 anos, entre 2000 e 2018.

Sobre a venda de créditos, o banco tenciona lançar o “Nata III”, que é o último pacote de ativos tóxicos cobertos pelo mecanismo de capital contingente. Esta venda vai ser acompanhada pelo Fundo de Resolução, tal como todos as outras operações de venda de ativos tóxicos cobertos pelo CCA.

Até 30 de junho, o Novo Banco teve prejuízos de 555,3 milhões de euros, segundo as contas do primeiro semestre do ano, estimava pedir, na altura, 176 milhões de euros ao FdR que, todos os anos, injeta capital na instituição financeira, também mediante empréstimos do Estado português de até 850 milhões de euros por ano.

O CCA tem um montante máximo de 3,89 mil milhões de euros, montante do qual falta utilizar cerca de 912 milhões de euros.

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