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Novo Banco: Presidente da República aponta que “ninguém é bom juiz em causa própria”

“Se tivesse acontecido que uma entidade da auditoria tivesse intervindo, sendo ouvida numa operação qualquer, que fosse de compra ou venda de bens e mais tarde fosse chamada a prenunciar-se sobre essa mesma alteração é evidente que haveria uma situação muito incomoda em termos de conflitos de interesses”, garantiu Marcelo Rebelo de Sousa. 
  • Miguel Figueiredo Lopes/Presidência da República handout via Lusa
5 Setembro 2020, 10h34

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa referiu ser necessário apurar se houve conflito de interesses, ao final do dia de sexta-feira, 5 de setembro.

Sobre o conflito de interesses da Deloitte que realizou a auditoria ao Novo Banco, Marcelo Rebelo de Sousa recordou uma frase típica portuguesa: “ninguém é bom juiz em causa própria”.

Contudo o Presidente da República acredita ser preciso apurar os factos. “”Se tivesse acontecido que uma entidade da auditoria tivesse intervindo, sendo ouvida numa operação qualquer, que fosse de compra ou venda de bens e mais tarde fosse chamada a prenunciar-se sobre essa mesma alteração é evidente que haveria uma situação muito incomoda em termos de conflitos de interesses”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa.

O conflito de interesses referido por Marcelo Rebelo de Sousa foi avançado pelo Jornal Economico que revelou que a Deloitte Espanha assessorou financeiramente o Novo Banco na venda da GNB Vida ao Apax, um fundo britânico, uma operação que aconteceu em 2017 e ficou concluída em outubro de 2019, tendo gerado perdas de 250 milhões para o banco liderado por António Ramalho.

O JE apontou que a Deloitte & Associados, SROC, encarregue de avaliar os atos de gestão do BES/Novo Banco entre 2000 e 2018, pertence à rede global da Deloitte. Assim sendo, existem indícios de que poderão ter existido constrangimentos na auditoria ao Novo Banco.

Por sua vez, a Deloitte garantiu, em comunicado a 4 de setembro, que “cumpre a lei e obriga-se às mais rigorosas regras legais, profissionais e deontológicas, bem como à verificação de independência e de conflito de interesses das entidades da rede Deloitte e dos seus profissionais para a execução deste tipo de trabalhos”.

A Deloitte assegura ainda que “previamente à realização de qualquer trabalho, fazemos uma análise para a sua aceitação, não tendo sido identificada qualquer situação que impedisse ou aconselhasse a não realização do trabalho”.

Vários partidos como o Bloco de Esquerda, PAN e Chega já pediram que fosse realizada uma nova auditoria.

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