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Novo Banco tem três propostas de compra para a Herdade do Pinheirinho

O Novo Banco já recebeu, pelo menos, três propostas não vinculativas para a Herdade do Pinheirinho. Entretanto o prazo para a entrega das propostas vinculativas para o “Nata 2” passou para dia 12.
21 Julho 2019, 09h00

O Novo Banco já recebeu três propostas não vinculativas (non-binding offers) para a compra da Herdade do Pinheirinho, sabe o Jornal Económico. Esses três candidatos já assinaram o Non-Disclosure Agreement (acordo de confidencialidade que é condição para dar acesso à informação detalhada). Mas há pelo menos mais um interessado, o empresário brasileiro Ricardo Bellino, em parceria com o grupo Ralph Lauren, que assumiu recentemente o interesse em declarações à revista Visão.

Apesar da apresentação de propostas estar vinculada a um acordo de confidencialidade, o empresário brasileiro Ricardo Bellino, em parceria com o grupo Ralph Lauren, anunciou à Visão que está na corrida à compra do Pinheirinho, com uma proposta cujo investimento ronda os 100 milhões de euros. O empresário brasileiro explicou que o projeto imobiliário teria três focos: golfe, equitação e cultura.

O Novo Banco conta receber entre três a cinco propostas não vinculativas, que depois serão analisadas. Os escolhidos serão convidados a avançar com propostas vinculativas. Tal como o Jornal Económico avançou em edição anterior, o Novo Banco escolheu a StormHarbour Securities LLP para assessorar a operação de venda.

A Herdade do Pinheirinho situa-se a 25 km da Comporta e possui 200 hectares de terreno. O ativo foi herdado pela instituição liderada por António Ramalho, por dação em cumprimento de crédito concedido pelo antigo BES.

Na altura a Herdade do Pinheirinho, em Melides, eram um projeto do Grupo Pelicano – grupo imobiliário presidido por Joaquim Mendes Duarte -, na altura com um investimento da ordem dos 167 milhões no desenvolvimento de dois hotéis, três aldeamentos, quatro aparthotéis e moradias e um campo de golfe, que prometia criar 2.000 postos de trabalho.

São duas as sociedades de promoção imobiliária que passaram a ser consolidadas, a partir de 2017, nas contas do banco liderado por António Ramalho: a Herdade do Pinheirinho Resort e a Herdade do Pinheirinho II – Investimento Imobiliário. Ambas pertenciam à promotora Pelicano, que tinha, em 2015, apresentado um plano de revitalização (PER), que foi aprovado pelos credores em novembro de 2016. Havia à data 447 credores, que reclamavam 204 milhões de euros. Destes, 69%, ou 140 milhões, eram créditos devidos ao Novo Banco. Este foi mais um projeto classificado com o selo de Potencial Interesse Nacional (PIN) em 2007 pelo ministro da Economia, Manuel Pinho.

Prazo da entrega das propostas para o “Nata 2” adiado
O prazo para a entrega das propostas vinculativas para a compra do portfólio de crédito malparado, designado de “Nata 2”, foi adiado do final de junho para o próximo dia 12 de julho, soube o Jornal Económico. O Conselho de Administração do Novo Banco escolheu uma short-list de três candidatos para passarem à fase da binding-offers (propostas vinculativas): a Bain Capital, KKR com o Hipoges e o Davidson Kempner Capital. Tal como já notíciado, a Bain Capital, caso saia vencedora, terá a Whitestar como servicer para fazer a gestão e recuperação dos créditos.

O “Projecto Nata 2” é a maior carteira de crédito malparado à venda no mercado português.Tem o valor de 3,3 mil milhões e cerca de um quinto são créditos de empresas fora de Portugal, a maioria em Cabo Verde. Em causa estão 60 a 70 créditos de grandes devedores, dos quais apenas um terço tem colaterais e garantias reais (cerca de 1.000 milhões), enquanto os restantes financiamentos não apresentam quaisquer garantias (unsecured). A maioria dos créditos, segundo revelou uma fonte ao JE, são créditos à construção e ao imobiliário. Na lista de créditos incobráveis que estão englobados no Projecto Nata 2, estão os créditos da Sogema, de Bernardo Moniz da Maia, e da Ongoing, de Nuno Vasconcellos. Segundo apurou o Económico, o crédito malparado da Sogema tem o valor indicativo de 540 milhões de euros (o que incluirá juros) e os créditos da Ongoing, de Nuno Vasconcellos e Rafael Mora, têm o valor indicativo de 350 milhões de euros, a que acresce 240 milhões em papel comercial da holding que era dona do Diário Económico. Estes são os maiores devedores neste portefólio de NPL. Esta operação de venda está a ser liderada pela espanhola Alantra.

São esperadas perdas para o Novo Banco com a vendas desta carteira. Um dos administradores da Comissão de Acompanhamento do Novo Banco, que está encarregue de seguir a venda dos ativos que estão cobertos pelo mecanismo de capital contingente, José Bracinha Vieira, disse na COFMA que em 2019 prevêem-se prejuízos de 400 milhões decorrentes da “venda de um grande conjunto créditos (projeto Nata 2)”.

Já no que toca ao Projeto Sertorius – um novo portfólio de ativos imobiliários com o valor contabilístico bruto de 500 milhões de euros e composto por 200 ativos, que o Novo Banco pôs à venda – as propostas vinculativas foram entregues até ao passado dia 26 de junho e estão em análise. A carteira consiste principalmente (cerca de dois terços) em terrenos não edificados e alguns ativos imobiliários industriais. Mas há também imóveis residenciais e comerciais, a maioria concentrados em Lisboa e Setúbal. A PwC está a assessorar o banco nesta operação. Esta é a segunda venda de um portfólio de imóveis recebidos por incumprimento de crédito, depois de o banco ter vendido o Projeto Viriato, com um desconto de 45% face ao valor contabilístico bruto de 716,7 milhões de euros. Recorde-se que o Novo Banco acordou, em outubro, a venda de uma carteira de quase 9.000 imóveis a fundos da Anchorage Capital Group por 388,9 milhões.

Artigo publicado na edição nº 1996, de 5 de julho, do Jornal Económico

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