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Novo confinamento leva a quebra de 2% da economia este ano, projetam economistas da Católica

Economistas da Católica já não projeta crescimento da economia portuguesa este ano, devido ao novo confinamento. O NECEP estima que o PIB recue 2% e prevêem que seja necessário um Orçamento Suplementar.
  • Rafael Marchante/Reuters
20 Janeiro 2021, 11h52

Os economistas da Católica estão mais pessimistas sobre a economia portuguesa este ano e projeta uma contração do PIB de 2% na totalidade do ano, devido ao novo confinamento, antecipando ainda a necessidade de um Orçamento Suplementar para 2021.

“Para o conjunto do ano de 2021, o cenário central é agora de contração de 2%, uma forte revisão em baixa em 4,5 pontos percentuais face à previsão anterior (2.5%)”, explica o NECP, na folha trimestral de conjuntura, publicada esta quarta-feira.

O grupo liderado por João Borges Assunção explica que a principal razão para a revisão é a entrada em vigor de um regime de confinamento  anunciado pelo Governo na semana passada.

“Aquilo que era um evento de probabilidade importante, mas baixa, tornou-se uma certeza”, salientando, dando nota de que “esta previsão assume que a economia em 2021 deverá andar ao nível do terceiro ou quarto trimestres de 2020 se for possível aliviar as medidas de confinamento, mas baixará para valores não muito melhores do que os observados no segundo trimestre do ano passado em confinamentos semelhantes ao que está atualmente em vigor”.

Os economista da Católica antecipam que “tal poderá não ser suficiente para assegurar crescimento económico já este ano”.

Ainda assim, o NECP admite mais dois cenários, além do cenário central. No cenário pessimista a economia encolhe 4%, enquanto no cenário otimista consegue crescer 3%. “A hipótese de crescimento não pode ser excluída à partida, dado que o terceiro trimestre do ano passado ilustra bem a possibilidade de uma recuperação rápida quando se aliviam as medidas de confinamento”, sublinham.

Os economistas antecipam ainda a necessidade de um Orçamento Suplementar.” É provável o aumento da taxa de desemprego para valores entre 7% a 8%, bem como a deterioração das contas públicas e a necessidade de um orçamento retificativo ou suplementar para 2021″, pode ler-se na nota.

Porém, relativamente ao crescimento da economia no ano passado mostram-se em linha com o Governo e estimam que o PIB tenha recuado 8,4%o, uma décima apenas abaixo da previsão inscrita no Orçamento do Estado para 2021. No quarto trimestre de 2020, o PIB deverá ter recuado 9% em termos homólogos, que corresponde a uma queda de 2.8% em cadeia.

“Esta quebra de atividade económica, inferior ao que seria de esperar, esteve associada ao confinamento parcial praticado desde novembro”, assinalam, considerando que “a quebra teria sido ainda pior na ausência das medidas de apoio à economia” e sem as medidas de estímulo do Banco Central Europeu.

“Em geral, a atividade económica está a evoluir de forma muito assimétrica”, referem, destacando que  os setores da construção, indústria e agricultura estão a resistir relativamente bem, enquanto “a fileira do turismo está a ter perdas muito significativas”. Já o comércio a retalho e os serviços apresentam “assimetrias significativas”.

O NECEP projeta que em 2023 seja possível regressar ao nível do PIB do quarto trimestre de 2019, estimando um crescimento de 4,5% em 2022, no cenário central e de 3,5% em 2023.

“A economia portuguesa entra em 2021 num ambiente de elevada incerteza associada à evolução da pandemia, da administração de vacinas e das medidas de confinamento, bem diferente do que se antecipava há poucas semanas. O Governo deverá acrescentar alguma incerteza a este quadro complexo por via do seu comportamento imprevisível e hesitante”, conclui.

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