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Miguel Queimado: “Empreendedorismo deve ser atitude que se aprende na escola”

CEO da DreamShaper diz que já tem mais de 60 mil alunos registados na plataforma de ensino online e que agora quer internacionalizar-se.
7 Novembro 2017, 06h30

Miguel Queimado, CEO da DreamShaper, explica ao Jornal Económico como funciona a plataforma online de ensino com base em projetos e que estará presente na Web Summit, que teve início esta segunda-feira, em Lisboa.

O que é a DreamShaper e como nasceu?

A DreamShaper nasceu de uma necessidade de ensinar em grande escala mas com uma componente prática. Sentimos essa necessidade na pele enquanto voluntários na Acredita Portugal (AP); os programas de ensino de empreendedorismo da AP assumiram rapidamente turmas de mais de 10.000 alunos. Procurámos uma solução mas não encontrámos plataformas pedagógicas que misturassem teoria com prática, ou seja, a capacidade de aplicar o que estamos a aprender, enquanto estamos a aprender. Foi por isso que começámos a construir aquilo que se tornaria na DreamShaper: uma plataforma online de ensino com base em projetos, que conduz os alunos através de um caminho pedagógico desenhado para os ajudar a construir projetos relevantes para a sua educação, focados nos seus interesses, de uma forma lúdica mas, sobretudo, fácil tanto para os alunos como para os professores.

Quais os mercados onde estão presentes? E pretendem continuar a internacionalização?

Os nossos principais mercados são Portugal e Brasil; temos também uma pequena presença na Colômbia. Gostaríamos de expandir para outros países da América Latina, Estados Unidos, Inglaterra e alguns outros países asiáticos apelativos para o nosso modelo de negócios. Queremos ser uma empresa global nos próximos anos.

Como tem sido a evolução da faturação e qual o valor mais recente?

O ano passado crescemos cerca de 200%. Este ano já vendemos um pouco mais de um milhão de euros.

Com quantas instituições de ensino já trabalham? E quantos alunos já usam o software?

Neste momento, temos mais de 60 mil alunos registados, e trabalhamos com cerca de 100 instituições em diversos contextos; principalmente escolas e universidades. Trabalhamos ainda com algumas ONG’s e outras organizações que prestam serviços educativos em contextos não-escolares.

De que forma a Dreamshaper ajuda e incentiva o empreendedorismo? E devem as universidades apostar mais no empreendedorismo? Porquê?

A DreamShaper mostra aos alunos que eles conseguem construir projectos bastante complexos com aquilo que sabem e gostam de fazer. Isso é a génese do empreendedorismo: ir e fazer, não ficar à espera que alguém faça por nós. Este tipo de atitude e capacidade tornaram-se essenciais nos últimos anos. O mundo está a mudar à nossa volta e o mercado de trabalho também. O empreendedorismo não é só uma competência técnica, é um conjunto de competências comportamentais, atitudes, e capacidades que são cada vez mais valorizadas, não só por quem quer construir o seu próprio negócio mas também por empresas à procura de contratar. E a experiência na Dreamshaper é muito focada no desenvolvimento dessas competências!
As instituições de ensino devem apostar em técnicas pedagógicas inovadoras?

Este tipo de competências — por exemplo, resiliência, capacidade de foco, trabalho em equipa, proactividade, etc — desenvolvem-se muito mais facilmente num contexto empreendedor do que numa sala de aula clássica, com livros e exames. Por isso sim, acreditamos que as instituições de ensino devem apostar em técnicas pedagógicas inovadoras, que facilitem o desenvolvimento destas competências nos alunos. E acreditamos que o empreendedorismo, mais do que uma moda ou uma cadeira a fazer para cumprir calendário, deve ser uma atitude que se aprende na escola ou universidade e que se mantém presente na nossa vida, seja empresarial ou pessoal.

 Estão à procura de investidores? Quais os objetivos para esse financiamento?

Sim, estamos à procura de investimento para acelerar a nossa expansão internacional. Até hoje entramos em três novos países em três anos; acreditamos que é o momento certo para acelerar o processo de internacionalização, e para isso precisamos de investimento. Queremos replicar o modelo de internacionalização actual para outros países onde vemos tanto ou mais potencial do que os actuais.

Pretendem lançar novos produtos no futuro?

Estamos a lançar agora um novo produto que nos entusiasma bastante. Estamos actualmente a desenvolver um sistema de apoio à decisão para alunos que chamamos de “Projecto de Vida”. O objectivo é ajudar alunos em momentos importantes da sua vida educativa — seja na escolha da área no secundário, na escolha do curso, ou em momentos de mudança — a tomarem decisões mais informadas e adequadas aos seus objectivos pessoais. Acreditamos que decisões mais informadas levam a melhores resultados; neste caso, a menores taxas de abandono escolar, maiores taxas de sucesso escolar, melhor aproveitamento — e todos os impactos positivos que daí advêm. Desde Machine Learning até Inteligência Artificial, já existem muitas tecnologias que podem ser usadas para ajudar os jovens a tomar melhor decisões, em momentos tão importantes de suas vidas. É esse o novo produto que vamos anunciar em breve.

Quais são os objetivos da Dreamshaper para o futuro?

Queremos sobretudo internacionalizar e expandir a nossa actuação globalmente. Contamos quadruplicar a nossa base de utilizadores até ao final de 2018; temos um outro projecto que esperamos anunciar em breve que pode representar o maior crescimento que já tivemos desde a fundação.

Dados da empresa:

A DreamShaper serve 60 mil alunos em quatro países e é liderada por cinco sócios:

-> Miguel Queimado, CEO
-> João Borges, Operations & Business Development
-> Pedro Queiró, Product
-> André Borges, Business Development
-> André Gonçalves, Tech

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