5 sugestões para as agendas executivas
Na mais recente edição do EY Future Consumer Index, onde continuamos a monitorizar quais as mudanças fundamentais nos comportamentos e hábitos de milhares de consumidores em todo o mundo, constata-se que as pessoas começam a rever as suas prioridades em relação ao consumo, acelerado em muito pela pandemia, mas revelador de uma tendência mais perene – muitas estão a optar por comprar menos e produtos de maior qualidade e com maior durabilidade.
De acordo com os dados obtidos neste último inquérito, cerca de 44% dos consumidores entrevistados responderam que, quando compram, a marca já não é o principal fator de decisão e 53% disseram que são agora mais propensos a reparar algo em vez de o substituir. Por outro lado, se cerca de metade dos inquiridos dizem que estão a fazer compras de forma diferente por razões financeiras, uma condicionante que se pode considerar circunstancial, um terço diz que são impulsionados pela sustentabilidade, uma tendência que deverá permanecer para além da pandemia.
Neste mesmo sentido, e suportando este sentido da mudança de hábitos de consumo, menos pessoas — apenas 27% — concordam agora com a afirmação de que compram mais coisas porque isso as faz felizes, enquanto que 85% dizem que querem considerar a sustentabilidade nas compras.
Parece haver assim uma clara tendência no sentido desta mudança no comportamento dos consumidores, ganhando maior peso a escolha de produtos e serviços que sejam produzidos e entregues de forma responsável, e a procura de marcas e empresas que assumam responsabilidade por liderarem esta mudança positiva, dando prioridade a questões como sustentabilidade e clima, causas sociais e direitos dos trabalhadores.
Torna-se assim um imperativo para os retalhistas, marcas e empresas de produtos de consumo que, à medida que estes segmentos de consumo continuam a crescer e a acelerar o apelo a esta mudança, revisitem as suas práticas comerciais em toda a cadeia de valor, desde o abastecimento à produção, inclusive até à criação da procura.
Parece cada vez mais claro que o modelo tradicional de Take->Make->Use->Waste (economia linear) deixou de ser o adequado para ter sucesso no futuro. A adoção de modelos de negócio baseados na economia circular, que permitam a utilização mais longa, a reutilização, a reparação, a reciclagem, que no fundo limitem o uso de recursos naturais que tiramos da natureza, mas sobretudo o desperdício que criamos, passarão a ser os que suportarão as empresas à prova de futuro, criando valor para todos.
Neste sentido ficam aqui cinco sugestões para as empresas e marcas de retalho e produtos de grande consumo, mas também válido para todos os negócios, que trazem a responsabilidade e a sustentabilidade para o topo da agenda executiva:
1. abraçar a sustentabilidade como um driver de criação de valor: crie um propósito para o crescimento, investindo em práticas sustentáveis que orientam para a eficiência, desenhando novos produtos, serviços e modelos de negócio para uma economia circular;
2. ter uma perspetiva holística, mas atuando no que é mais importante para o negócio: pense para além de uma questão singular da sustentabilidade, uma vez que os consumidores priorizam de forma diferente a proteção do ambiente, diversidade e inclusão, saúde e segurança e escravatura moderna; faça da sustentabilidade a cultura da sua organização;
3. ser autêntico e estar preparado para o provar: construa objetivos mensuráveis e credíveis, e seja aberto e honesto com todos os seus stakeholders, comunicando de forma realista e transparente o seu progresso;
4. criar impacto positivo em toda a cadeia de valor: escale iniciativas e sucesso em toda a organização; olhe para além das suas atividades imediatas incluindo todo o ciclo de vida dos seus produtos e colabore com outros no seu ecossistema para encontrar soluções de responsabilidade partilhada;
5. redesenhar de imediato o modelo operacional para uma execução sustentável: crie ecossistemas dinâmicos que promovam a agilidade rentável; uma organização que escuta, orientada por dados e analytics; flexibilidade de talento que reimagina como a as pessoas trabalham; uma plataforma de inovação que promova ideias e possa escalar; e um propósito duradouro que oriente as decisões e as suas ações.