Chegou o fim do quantitative easing, que fez os bancos centrais injetarem 20 biliões de dólares na economia mundial. “Vivemos num mundo de quantitative tightening“, disse Ignacio de la Torre, economista chefe da consultora financeira espanhola Arcano Partners.
“Se com o Quantitative Easing os preços subiram, com o Quantitative Tightening os preços descem”, explicou, num discurso no âmbito da conferência “A Economia Mundial em 2019”, realizada esta quarta-feira em Lisboa, promovida pelas consultoras financeiras Arcano e Optimal Investments, e da qual o Jornal Económico é media partner.
“O mundo vai desapontar”, disse Ignacio de la Torre. Para o economista espanhol, 2019 será um ano de viragem, devido aos riscos que identificou. A próxima crise de crédito virá dos mercados emergentes porque incorreram em níveis elevados de alavancagem, quando comparados com as outras regiões do mundo, e que contribuíram para o aumento do leverage em relação ao PIB global . Entre 2007 e 2018, a alavancagem da economia mundial cresceu dois pontos base, para 2,3 vezes do PIB mundial, explicou.
“O preço do dinheiro vai subir” devido ao aumento das taxas de juro, sublinhou o economista chefe. “Será uma grande mudança do rumo da política monetária, mas o processo será lento”.
A diminuição da liquidez da economia mundial vai acompanhar a subida do preço do dinheiro. “É preciso ter em conta o que faz a Reserva Federal norte-americana. O presidente da Fed, Jerome Powell, disse que colocou quer reduzir o balanço da Fed em ‘piloto automático'”. Isto quer dizer retirar da economia norte-americana cerca de 40 mil milhões de dólares por mês, esclareceu Ignacio de la Torre. Na Ásia, o banco central do Japão, a terceira maior economia mundial, também vai reduzir a liquidez.
Ainda na Ásia, o arrefecimento económico da China, que é a segunda maior economia mundial, está agora a crescer abaixo dos 5%. “Os estragos estão feitos”, disse o economista chefe. “Nas notícias, lê-se que a China está a crescer a 6,3%, porque isso corresponde às estimativas do partido comunista. Mas, na realidade, está a crescer abaixo dessa taxa de crescimento”, revelou Ignacio de la Torre.
Além disso, “a China tornou-se no maior credor de dívida do mundo, representando 17% da dívida mundial, que esta acima dos níveis da última crise”, disse.
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