1 – A luta pelo protagonismo entre Fernando Medina, presidente da edilidade de Lisboa, e o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assumiu contornos de luta de playground entre rapazes que querem agradar ao pai António Costa. As iniciativas em cada uma das suas áreas de responsabilidade faz com que cada um tente ganhar vantagem pela guerra na sucessão do atual primeiro-ministro (PM) e secretário-geral do PS. Os portugueses estão claramente divididos entre assistir a este espetáculo, ou os dramas do Big Brother e do Agricultor. Há espetáculos para todos os gostos.

Medina num dia pinta as ruas cor-de-rosa, no outro de azul e, pasme-se, até quer pintar a rua onde o PM vive de verde. Como não bastasse a rua onde mora Costa ficará fechada ao trânsito e apostamos que o único carro que conseguirá por lá passar será o carro oficial do PM. Medina não fica por aqui e entrou numa luta feroz contra os proprietários de Alojamento Local (AL) e contra o próprio airbnb que quer varrer de centros históricos da cidade.

Claro que esta é uma pessoa que com a mesma cara diz uma coisa e o seu contrário. Recorde-se uma proposta na assembleia municipal feita na semana anterior, de abertura de duas exceções ao AL na zona da Graça. Estamos claramente diante de uma cidade que alguns pensam ser o seu playground. Recordemos ainda de há meses ter anunciado discordar frontalmente da proposta do seu arqui-rival, Pedro Nuno Santos, no que respeita a habitação e arrendamento. Do outro lado temos um ministro sempre pronto a rasgar as vestes em nome da esquerda para agradar à extrema-esquerda e bater o mais possível na direita. Digamos que é um adepto do pugilato ideológico. Não interessa o interesse público ou o bem-estar dos portugueses. O importante é ter palco, dar duas ou três entrevistas por semana e tentar apagar os disparates do passado como aquela velha ladainha dos tempos da troika de que a dívida não era para pagar. Mas a dívida da TAP vamos todos ter de a pagar. A reversão da privatização feita por Passos Coelho foi uma irresponsabilidade mas agradou aos parceiros da geringonça e agora terá consequências para o país, os contribuintes e para a reputação de um país à beira de uma crise profunda. Salvar a TAP nos molde que o PM foi pressionado pelo seu ministro da tutela significa uma fatura elevada. O Governo depende das ajudas externas e do seu fluxo mas, está salvo pelo gongo do calendário eleitoral, ou seja, no próximo ano haverá eleições presidenciais e o apoio do PS a Marcelo está no terreno. Nuno Santos discorda e irá votar no PC ou no Bloco, disse-o na RTP. Agora ninguém quererá ouvir falar de crise política ou de queda do Governo. Constitucionalmente seria difícil fazê-lo e a oposição política não existe. Vamos continuar a acompanhar o filme infantil da guerra pelo poder no PS.

2 – Ainda sobre a escolha de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal, a questão é perceber se esta é ou não a pessoa melhor preparada para o cargo. O resto é minudências.