Os portugueses são um povo empreendedor e inovador na iniciativa privada. Com criatividade e espírito de sacrifício, habituaram-se a dar a volta por cima nos períodos mais críticos. Os nossos empresários tiveram um papel fundamental na recuperação económica do país e, ao longo das últimas décadas e com várias intervenções externas – três nos últimos 44 anos – nunca deixaram de investir na inovação e na excelência da produção, o que resultou em mais exportação, mais emprego e mais criação de riqueza nacional.

Hoje, somos reconhecidos mundialmente pela qualidade e pelo rigor em setores como o agroalimentar (vinho e castanha), a floresta (cortiça e papel), o calçado, a metalomecânica, o design de moda, os têxteis, a saúde, entre outros.

Somos também um exemplo no domínio das startups, com uma geração de empreendedores jovens e dinâmicos que se recusam a aguardar oportunidades de negócio, mas preferem criá-las, aproveitando o ciclo de crescimento do turismo e num momento em que o país atrai investimento e até estrelas internacionais.

Portugal é um país de gente que faz bem no Norte industrial, no Interior centro e no Alentejo agrícola e não só na Lisboa, Madeira e Algarve dos serviços, das sedes dos bancos e das farmacêuticas.

Mas Portugal poderia fazer mais e ainda melhor sem um Estado que absorvesse demasiado esforço da economia, que condicionasse a produtividade e a riqueza, que asfixiasse as empresas com uma das maiores taxas europeias de carga fiscal (34% em 2017!). Com uma banca que apoiasse mais o investimento, a iniciativa privada, a economia.

Poderia ir mais longe e ser mais competitivo, com infraestruturas eficazes (com uma melhor rede ferroviária), com incentivos ao investimento, com recursos mais qualificados. Com um Estado que cumprisse o seu papel nas áreas nucleares de apoio à economia, que travasse o nível de endividamento, o crescimento de impostos e o despesismo que insiste em manter em determinadas áreas. Que permitisse moderar o défice de competitividade, fruto das suas políticas económicas e financeiras. Que apostasse em mais instrumentos de financiamento para apoio às empresas, sobretudo aquelas que são essenciais ao processo de inovação e modernização da economia portuguesa e essenciais para a exportação.

É da mais elementar justiça realçar e enaltecer o esforço dos empresários portugueses que tanto fazem pelo nosso desenvolvimento socioeconómico, que se afirmam lá fora, que ganham prémios, que geram riqueza e emprego. É nosso dever, mais do que criar as melhores condições para que continuem a fazer o seu trabalho, não nos constituirmos como um obstáculo ao seu crescimento. Que é o nosso também.