Mas, a fazer fé nas sondagens, a mudança de líder, por si só, não deverá evitar mais um ciclo político na oposição (2019-2023), sobretudo se não estiver associada a uma correlativa mudança de discurso, estratégia e programa.
Até ao momento, tanto Rui Rio como Pedro Santana Lopes ainda não conseguiram marcar a diferença entre ambos, nem em relação ao antecessor Pedro Passos Coelho e ao futuro adversário António Costa. Aliás, Nuno Morais Sarmento já alertou: “Com os respetivos feitios, qual dos dois é que tem uma visão do país, um caminho diferente? É que se for para andar à volta, eu voto Costa. Para ficar onde estamos, eu voto Costa. Se é para gerir com habilidade política, o Costa é bom, é um político de primeira categoria.”
A inexistência de debates na campanha eleitoral (de âmbito interno e quase invisível a partir do exterior) tem contribuído para essa indistinção, mas também há respostas (e não respostas) dos dois candidatos, em recentes entrevistas, que indiciam falta de ideias e incapacidade para reafirmar o PSD como alternativa política. A tendência tem sido “andar à volta”, reutilizando a expressão de Sarmento (curiosamente, trata-se do mandatário nacional da candidatura de Rio), ou mimetizar.
Na maior parte dos casos, o poder acaba por cair no colo do líder da oposição, esteja ou não preparado para governar, tenha ou não erguido uma alternativa política consistente (ou seja, a maior prioridade é não ser derrubado por rivais internos). Mas desta vez há uma série de circunstâncias desfavoráveis ao PSD, com destaque para os bons resultados económicos do governo do PS e o novo paradigma de alianças à esquerda.
Rio ou Santana Lopes terão de superar um caminho de pedras e o ano de 2018 será decisivo na preparação desse hercúleo desafio.
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