Em 2017, a economia portuguesa cresceu 2,7%, crescimento esse muito suportado no Turismo e no Imobiliário, que foram setores determinantes para a redução da taxa de desemprego, para a criação de postos de trabalho, para ajustamento dos salários e aumento da riqueza nacional. Mas este crescimento não é suficiente. O país precisa de encontrar novas formas de desenvolvimento e alternativas de políticas económicas para que Portugal encontre definitivamente um caminho do progresso.

A verdade é que este crescimento é muito modesto, sabe a poucochinho e se a ele retirarmos o montante necessário para pagar o acréscimo brutal do serviço da dívida na última década, teríamos uma redução de 5%. Ou seja, estaríamos (novamente) em recessão.

Estamos a divergir em relação à Europa e estamos a afundar-nos em relação ao único país que confina connosco – a Espanha – que apresenta um crescimento de mais do dobro do que o nosso, que paga menos impostos, onde a gasolina é mais barata, onde é mais fácil arranjar emprego e onde os salários são mais altos. O Governo pode dizer o que entender nesta matéria, mas factos são factos e este ninguém pode ignorar: Portugal tem o terceiro pior crescimento económico da Europa. Sim, tristemente, o terceiro pior da Europa!

Claro que o país respira um pouco melhor depois de quatro anos de troika, mas é perigoso acreditar num discurso repetido à exaustão, de que a economia nacional está forte e recomenda-se. De que está tudo bem, que não há razões para preocupações. Há sim. Desde logo um PIB exatamente igual ao de há dez anos atrás, e uma balança comercial fortemente deficitária. Isto não são vitórias. São campainhas de alarme.

Portugal pode e deve apresentar melhores níveis de crescimento do que aqueles que está a ter. Estamos inseridos no segundo maior mercado do mundo, com uma taxa de juro que nunca esteve tão baixa, com injeções de liquidez constantes do BCE e fundos estruturais do Portugal 2020 de apoio ao investimento. Os ventos estão propícios para que o nosso país lidere na Europa em matéria de desenvolvimento económico e não que se mantenha na cauda como atualmente acontece.

A instabilidade política que se instalou no nosso país – que viveu nos últimos sete anos uma maioria governativa de direita e uma maioria governativa de esquerda – leva o atual Governo a manter como objetivo prioritário a sua própria sobrevivência, o que representa um custo elevado para todos nós. O custo de voltar a adiar Portugal.

Claro que não somos todos inocentes neste ponto. Existe algum conformismo por parte do povo português, que o leva a queixar-se da realidade, mas a acreditar sempre que alguém tem a obrigação de tratar das suas vidas, como se isso não fosse uma responsabilidade coletiva inerente às democracias plenas.

Assobiámos para o lado quando aceitámos ter na pirâmide governativa um primeiro-ministro que nunca ganhou uma eleição nacional e quando o seu antecessor no partido foi demitido por ter ganho duas eleições antes destas últimas legislativas (autárquicas e europeias). E continuamos a ter alguma dificuldade em assumir que o fraco crescimento económico, associado ao nosso sistema político e à inexistência de uma verdadeira reforma das leis eleitorais são causas óbvias dos grandes problemas do país – a precariedade e os salários baixos.

É tempo de enfrentar novos desafios, políticos e estruturais, para colocar a economia na rota do crescimento sustentável, para resolver o problema do endividamento excessivo e para dar aos portugueses mais estabilidade e rendimentos. Temos muito caminho para fazer e pouco tempo a perder.